08/12/2015 - 16:15
As potências emergentes do grupo Basic – Brasil, África do Sul, Índia e China – deixaram em segundo plano suas diferenças durante as negociações de Paris sobre o clima (COP21), nesta terça-feira, e fizeram frente comum ante os países industrializados.
Os Basic também reiteraram seu “compromisso de unidade” com os países em desenvolvimento, apesar das discrepâncias que existem entre eles no que diz respeito às metas de contenção do aquecimento global.
Os emergentes, que nas últimas décadas se converteram em grandes emissores de gases de efeito estufa, anunciaram, em comunicado conjunto, seu apego ao princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas” desenvolvido na Eco-1992, que aponta para os países industrializados as responsabilidades históricas do aquecimento global.
“Estamos decepcionados pelo baixo nível de ambições e apoio por parte dos países desenvolvidos”, disse o ministro indiano do Meio Ambiente, Prakash Javadekar, em uma coletiva de imprensa junto a seus três colegas do Basic em Le Bourget, nos arredores de Paris, onde negociam o acordo que deve entrar em vigor em 2020.
“É importante que os países desenvolvidos, que têm a responsabilidade histórica e capacidade, tomem a dianteira na redução de emissões e contribuam com o financiamento e as tecnologias que o mundo em desenvolvimento necessita. Infelizmente, não é isso o que acontece”, acrescentou Javadekar.
Muitos países em desenvolvimento pedem que as negociações fixem uma estratégia para conter o aumento da temperatura do planeta a 1,5º em comparação aos níveis da era pré-industrial, algo que os grandes emergentes não estão dispostos a conceder, por temor de que essas medidas ameacem seu crescimento econômico.
“Nós enfatizamos os 2º e somos conscientes de que eles defendem 1,5º. É um tema que claramente lhes preocupa e que estamos discutindo ativamente. Espero que alcancemos um entendimento global”, disse a ministra brasileira, Izabella Teixeira.
“Ninguém deve ser desprezado”, acrescentou.
Os Basic fazem parte do grupo G77+China, um conglomerado de 134 países em processo de desenvolvimento.
O grupo também apresenta diferenças entre si, como, por exemplo, o que envolve as primeiras verificações dos acordos aplicados, que o Brasil quer realizar cinco anos depois de sua entrada em vigor, mas que a Índia gostaria de adiar para 2029.