24/06/2025 - 13:36
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, definiu nesta terça-feira, 24, a postura atual da política monetária como “prudente” e “cuidadosa”, durante audiência na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. “Enquanto economia estiver forte, podemos continuar com a pausa no relaxamento monetário”, afirmou ele, que reforçou compromisso em reduzir a inflação para 2% “de forma sustentável”.
Para Powell, não há sinais de fraqueza no mercado de trabalho. “Se virmos esses sinais, isso muda as coisas”, argumentou.
O presidente do Federal Reserve caracterizou os níveis atuais dos juros nos EUA como “modestamente restritivos”. Explicou que o cenário ainda impõe pressão sobre o mercado imobiliário residencial.
Para o banqueiro central, o melhor que o Fed pode fazer neste momento é assegurar a estabilização da inflação em 2%. Mesmo assim, a autoridade monetária não pode influenciar na oferta no mercado de habitação, de acordo com ele. “Ainda assim haverá falta de oferta”, destacou.
Powell acrescentou que, reservadamente, muitos parlamentares elogiam o trabalho que o Fed tem feito como a “coisa certa”. Questionado se o Fed tem direito legal de comprar criptoativos, o banqueiro central disse que a instituição não busca essa autoridade.
O presidente do Fed disse ainda que “não é boa ideia” o BC assumir parte da política contra mudanças climáticas sem o aval do Congresso.
Para ele, seria um risco desviar do mandato duplo do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).
Insultos de Trump
Questionado sobre os insultos que o presidente dos EUA, Donald Trump, proferiu contra ele, Powell evitou citar o republicano nominalmente e se limitou a dizer: “Estamos focados em entregar boa economia para benefício do povo americano.”
Ele acrescentou que se importa apenas em fazer esse trabalho.
Powell voltou a dizer que a trajetória da política fiscal está em uma “trajetória insustentável”.
Efeito das tarifas
O presidente do Federal Reserve afirmou que os efeitos das tarifas na inflação devem começar a aparecer nos dados ao longo do verão no Hemisfério Norte.
Se isso não acontecer, o Fed estaria “aberto à ideia” de que o repasse ao consumidor é menor que o esperado e isso teria impacto na política monetária, disse ele durante a sessão na Câmara dos EUA.
“Estamos em situação difícil para decidir exatamente quando agir”, reconheceu ele.
Powell explicou que os importadores serão os primeiros a sentir os efeitos das tarifas. Para Powell, os dados sugerem que parte das sobretaxas recairia sobre o consumidor, embora tenha admitido incertezas sobre isso.
Papel do dólar como moeda de reserva global
O presidente do Federal Reserve minimizou as preocupações em relação ao papel do dólar no sistema econômico internacional. “Temos que ter cuidado com algumas narrativas”, disse. “O dólar será por muito tempo a moeda de reserva global”, ressaltou.
Powell acrescentou que o mercado de Treasuries “está funcionando bem e normalmente”.
Estabilidade financeira
O presidente do Federal Reserve afirmou também não vê muitos motivos para preocupação em relação à estabilidade financeira. Powell citou como exemplo uma melhora nas pressões que vinham afetando o mercado imobiliário comercial (CRE, na sigla em inglês). “Estamos vendo progressos”, ressaltou.
Powell também reconheceu que o processo de redução do balanço de ativos ainda tem um caminho a ser percorrido, mas explicou que o ritmo atual pode ser mantido “por algum tempo”.