O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, ainda acredita na possibilidade de os Estados Unidos fazer um pouso suave a despeito do processo de aperto monetário no país. O caminho, contudo, ficou mais estreito, considerando aumentos de juros realizados pela autoridade para colocar a teimosa inflação norte-americana de volta aos trilhos.

“O desemprego aumenta. Mas não é um pouso forçado. Não é uma recessão severa. Você pode pensar no desemprego subindo, mas não realmente entrando em recessão”, avaliou Powell, durante evento, no período da tarde desta quarta-feira.

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Para Powell, o caminho “está bem claro” e as condições do mercado de trabalho estão amenizando. “Vemos a inflação melhorar e o mercado de trabalho abrandar, mas não entrar em recessão”, reforçou, acrescentando de que a inflação cairá e que esse cenário é “muito plausível”. “E, claro, nosso trabalho é tentar conseguir isso. E acho que ainda é possível”, acrescentou o presidente do Fed.

Ele reafirmou, porém, que o caminho para um pouso suave é mais estreito, considerando as elevações de juros nos EUA. “À medida em que precisamos manter as taxas mais altas ou mantê-las mais altas por mais tempo isso vai estreitar o caminho para um pouso suave”, explicou.

Juros

O presidente do Federal Reserve afirmou que a autoridade não pretende apertar demais as condições financeiras dos Estados Unidos uma vez que não pretendem iniciar um corte de juros em breve. Segundo ele, é possível que uma desaceleração no ritmo de altas ocorra já na reunião de dezembro, em linha com as expectativas do mercado.

“Não queremos apertar demais porque acho que cortar as taxas não é algo que queremos fazer em breve. Então, é por isso que estamos desacelerando”, disse Powell.

Ele afirmou que o Fed segue monitorando as condições econômicas do país para encontrar o nível certo entre o aperto de juros necessário para colocar a inflação de volta aos trilhos.

Desdobramentos globais

O presidente do Federal Reserve disse ainda que a autoridade também monitora com “muito cuidado” os impactos globais de suas decisões de política monetária. “Temos um mandato doméstico. Claro, todo banco central tem, mas neste mundo, os mercados financeiros globais são realmente importantes para nós. Então nós monitoramos tudo isso com muito cuidado”, afirmou.

Segundo ele, o melhor que o Fed pode fazer neste momento para os EUA e para a economia mundial é controlar a inflação o “mais rápido possível”. “Nós não achamos que o mundo será um lugar melhor se agirmos sem pressa e a inflação ficar entrincheirada e então tivermos de intervir mais tarde”, enfatizou.

Ele reforçou que o Fed não quer apertar as condições financeiras da maior economia do mundo além do necessário, mas que, por uma questão de gerenciamento de risco, é preciso subir os juros para buscar a estabilidade de preços.

Para Powell, será possível obter o controle da inflação, mas esse trabalho ainda não terminou. “Não me arrependo de chegar onde estamos e acho que, em geral, o mundo ficará melhor se conseguirmos acabar com isso rapidamente”, raciocinou.

Ao ser questionado pela plateia sobre o impacto de uma desaceleração chinesa nos EUA diante da política de “covid zero”, Powell disse ainda que o país será impactado, mas é difícil prever sua extensão. “É difícil dizer o quão grande isso será sem saber por quanto tempo esses bloqueios duram”, concluiu.