31/05/2025 - 8:13
Preso na quinta-feira, 29, no Rio de Janeiro, sob acusação de envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho, o cantor de funk Marlon Brandon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo, declarou em uma triagem ao ingressar no sistema penitenciário ter tido ligação com o grupo criminoso. Ele já relatou várias vezes em público seu envolvimento com o crime no passado, mas nega ter qualquer vínculo atual com bandidos.
Como as quadrilhas são rivais entre si, para evitar confrontos dentro das cadeias, a Secretaria de Administração Penitenciária divide os presídios ou áreas dentro deles entre os diversos grupos, impedindo o convívio e as potenciais brigas.
Para saber para qual penitenciária encaminhar cada preso, a pasta solicita que, ao ingressar no sistema prisional, a pessoa preencha uma ficha indicando seu perfil. Além dos itens óbvios, como nome, vulgo (apelido), dia e hora de ingresso e preso na área de qual delegacia, a pessoa indica o que o formulário classifica como “ideologia declarada”: se é integrante de uma das três facções criminosas que dominam os territórios do Rio.
– Comando Vermelho (CV)
– Terceiro Comando Puro (T.C.P)
– Amigo dos Amigos (A.D.A)
Também é possível escolher as opções:
– “milícia”
– “neutro”
– “servidor ativo”
– “ex-servidor”
– “federal/estrangeiro”
– “LGBTQIA+”
Em outro trecho do formulário, fora do grupo classificado como “ideologia”, fica registrado se o detento é idoso, se tem nível superior ou necessidades especiais, se é de alta periculosidade e se está hospitalizado.
Segundo foto que viralizou nas redes sociais e cuja veracidade foi confirmada pela Secretaria de Administração Penitenciária, Poze do Rodo registrou sua ligação com o Comando Vermelho. Assim, foi encaminhado para a penitenciária Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, uma das unidades que concentram detentos ligados a essa facção.
Em nota, a defesa do cantor afirmou que “alguém que teme ser confundido com ou tido como participante de determinada denominação via de regra é orientado a dirigir-se à mesma, para evitar tumulto, sendo medida de segurança para si e para outros. Esta prática em nenhuma hipótese traz qualquer grau de certeza sobre afiliações, associações ou qualquer vínculo do gênero”.
Poze do Rodo nunca escondeu ter tido vínculo com o CV. “Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum”, disse certa vez ao programa Profissão Repórter, da TV Globo.
O cantor nega ter ligação atual com a facção. Sua defesa fez críticas à prisão, classificada como espetacularizada e abusiva.
Questionada sobre o método de cadastro dos detentos, a Secretaria de Administração Penitenciária afirmou em nota que “o documento segue procedimentos estratégicos internos utilizados durante o ingresso e classificação de presos no sistema penitenciário do Estado do Rio de Janeiro”. “Essa prática visa garantir a segurança e a integridade física dos custodiados, bem como a organização e controle dentro das unidades prisionais. Trata-se de um protocolo padrão no sistema penitenciário fluminense, com base em diretrizes técnicas da administração”, segue a nota. “As classificações não possuem caráter discriminatório, sendo parte dos esforços para a manutenção da ordem e da segurança no ambiente prisional”, conclui a pasta.