10/04/2025 - 10:56
A Prada anunciou nesta quinta-feira, 10, a compra da marca Versace, que pertencia à Capri Holdings, grupo americano dono também das marcas Michael Kors e Jimmy Choo. A transação foi da cifra US$ 1,375 bilhão, valor que inclui as dívidas da empresa adquirida. A negociação une duas grifes italianas de grande destaque no mercado global de moda.
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A operação acontece em um momento em que a Prada tem mantido resultados positivos, mesmo com a queda na demanda por produtos de luxo. Na contramão, a Versace vinha operando com prejuízos.
Nos nove meses findos em dezembro de 2024 a empresa gerou US$ 613 milhões em receita líquida, todavia ficou no vermelho ainda assim, anotando prejuízo líquido de US$ 41 milhões no período.
Para o ano fiscal de 2024 (acabou em março de 2024) a empresa reportou resultados com US$ 1,03 bilhão em receita líquida, mas um tímido lucro de US$ 25 milhões.
O valor da transação está sujeito a ajustes no fechamento e pós-fechamento, com base em capital de giro e endividamento líquido, e depende de aprovações antitruste e regulatórias. Todavia, as barreiras são mínimas e o esperado é que o fechamento do negócio ocorra sete dias após o acordo – feito nesta quinta, 10.
A transação, fortalece a presença de gigantes da Itália em um setor atualmente dominado por grandes grupos franceses – como o grupo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton), do bilionário Bernard Arnault.
O anúncio da compra da Versace pela Prada veio pouco depois da saída de Donatella Versace do cargo de diretora criativa da marca, função que ocupava desde a morte de seu irmão, Gianni, fundador da empresa.
O chairman da Prada, Patrizio Bertelli, afirmou que a intenção é manter a identidade da marca após comprá-la.
“Nosso objetivo é continuar o legado da Versace, celebrando e reinterpretando sua estética ousada e atemporal”, disse o presidente da Prada.
“Ao mesmo tempo, vamos oferecer à marca uma base sólida, reforçada por anos de investimentos contínuos e enraizada em relações de longa data”, acrescentou Bertelli, que é marido da estilista Miuccia Prada. O casal é acionista majoritário da empresa.
A Prada, compradora, é dona de marcas como Miu Miu, Church’s, Car Shoe, Marchesi, Luna Rossa, e marca presença em mais de 70 países, com 609 lojas físicas e atuação em e-commerce.
Prada comprou Versace por valor menor do que a Capri em 2018
O valor acertado na negociação é consideravelmente menor que os cerca de US$ 2,15 bilhões pagos pela Capri Holdings quando o grupo adquiriu a Versace em meados de 2018. À época, a Capri ainda operava com o nome Michael Kors. Na época, a aquisição foi feita junto à família Versace e ao fundo Blackstone.
Com a incorporação da Versace, conhecida por seus desenhos de inspiração barroca, a Prada busca atrair um novo perfil de consumidor, diferente do público acostumado ao seu estilo mais discreto.
“A Versace tem um potencial enorme. Essa jornada será longa e exigirá execução disciplinada e paciência”, afirmou o CEO da Prada, Andrea Guerra.
A compra foi fechada em um cenário de incerteza no mercado global, com algumas operações sendo adiadas por causa da queda nas bolsas e preocupações com uma possível recessão, após novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo dos Estados Unidos neste mês.
Desde o fim dos anos 1990, quando a Prada comprou Helmut Lang e Jil Sander — aquisições que Bertelli classificou como decisões mal avaliadas —, o grupo vinha evitando novos movimentos de grande porte no mercado.
Entenda a saída de Donatella, uma das maiores estilistas do mundo
Donatella, uma das estilistas mais conhecidas do mundo da moda, deixou o cargo de diretora criativa da marca após quase três décadas na empresa. Ela havia assumido em 1997, após o assassinato de seu irmão e fundador da empresa, Gianni.
Dario Vitale, ex-diretor de design e imagem da Miu Miu, assumiu o cargo de Donatella como diretor de criação neste mês de abril.
Donatella, aos 69 anos, assumiu então a função de embaixadora-chefe da marca Versace.
Durante sua gestão como diretora criativa, ela consolidou a identidade considerada ousada e glamourosa da marca, mantendo-a em destaque no cenário da moda internacional – sendo responsável por visuais como o do vestido verde transparente usado por Jennifer Lopez no Grammy de 2000, que chamou atenção e foi atribuído à sua capacidade de atrair celebridades e criar designs marcantes.
Sua saída está atrelada à operação com a Prada, dado que a Versace estava operando no vermelho e com quedas na casa dos dois dígitos percentuais em termos de receita líquida.