No Brasil, um país onde a sunga é a roupa de praia preferida pelo público masculino, é difícil imaginar que shorts floridos e de tons fortes ? os preferidos dos turistas europeus em férias nos trópicos ? façam sucesso. Mas a grife francesa de moda praia de luxo Vilebrequin garante que sim. Presente com uma loja no Rio de Janeiro e outra em São Paulo, ela começa a projetar uma expansão, tanto em número de butiques quanto na venda para multimarcas. ?Os planos para o Brasil são ambiciosos?, garante Zaza de Brito, diretora artística da Vilebrequin, que esteve em São Paulo para uma palestra sobre o seu processo criativo e falou com exclusividade à DINHEIRO.

?Além de butiques nas principais capitais, estamos escolhendo balneários e resorts para a instalação de pontos de venda.? A grife, que leva o nome do eixo central do motor de automóvel, nasceu em Saint-Tropez nos anos 70. Atualmente, possui 76 lojas próprias no mundo, e é distribuída para mais de mil pontos de venda. A grife pode ser encontrada em cidades como Paris, Capri, Milão, Londres, Lisboa, Nova York e Los Angeles.

Nem uma possível resistência do homem brasileiro em abrir mão de seu traje de banho oficial, desanima os planos da Vilebrequin. ?O brasileiro ainda usa sunga, mas a tendência mundial é outra. O short de banho é o que se vê nas praias mais badaladas da França, por exemplo. Lá, as sungas são minoria?, afirma a diretora artística. Se a peça mais conservadora vai pegar por aqui, é cedo para dizer. O fato é que a Vilebrequin tem entre seus adeptos homens influentes, como o presidente da França, Nicolas Sarkozy ? que prefere os modelos lisos para ir à praia acompanhado da bela primeira-dama, Carla Bruni ?, o presidente dos EUA, Barack Obama, o príncipe Albert II, de Mônaco, o ator Jack Nicholson e o cantor Sting. Todos eles, diz Zaza, aderiram à grife por seu apelo atemporal. ?Não fazemos moda, mas um estilo de vida. Unimos glamour, luxo e descontração.?
 

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 Nicolas Sarkozy: o presidente aposta no traje comportado para fazer bonito ao lado da primeira-dama
 

Para a consultora de moda Christiana Francini, editora do blog Francinimartins, o homem que opta pelo short no lugar da sunga transmite uma imagem de pessoa clássica, pelo menos em território nacional, onde o culto ao corpo privilegia trajes mais sumários na praia. Além disso, a consultora não acredita que a sunga vá perder seu lugar no guarda-roupa masculino, sobretudo entre aqueles homens que praticam esporte na praia. ?Quem está com o corpo em forma, normalmente, usa a sunga sem medo.?

Mas por via das dúvidas, a Vilebrequin investe na variedade. Para não espantar homens mais conservadores, por exemplo, investe em peças lisas, com mais de 50 diferentes cores. Para quem não tem medo de estamparia ? que torna o seu short reconhecível a metros de distância ? a grife cria cerca de 60 desenhos diferentes, por ano, divididos em quatro coleções. Os temas mais frequentes são tirados da fauna ? com preferência pelas tartarugas ? e da flora, mas listras e xadrezes também aparecem.

As primeiras peças da Vilebrequin foram feitas com tecido de vela de barco. Isso permitia que os shorts secassem mais rapidamente. Atualmente, eles são confeccionados com um tipo de algodão especial, com toque de pele de pêssego, desenvolvido com exclusividade para a marca para priorizar o conforto. Cada short é feito na versão adulta e também infantil ? a partir dos 2 anos. No Brasil, eles são vendidos por cerca de R$ 400 e R$ 200, respectivamente. O campeão de vendas, no mundo todo, é o modelo Moorea ? mais largo e com amarração na cintura ? desenhado nos primórdios da marca. ?Ele veste bem em qualquer corpo e representa 70% das vendas?, afirma Zaza. Há outros 15 modelos de short. A novidade agora é a linha de prêt-à-porter para o inverno, composta por camisas de linho, calças e até malhas de cashmere.

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