O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, rebateu nesta quinta-feira, 22, as críticas que vem recebendo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em relação à oferta de gás natural no País. Silveira já chamou a Petrobras de negligente por reinjetar o gás nas suas operações em vez de ofertar ao mercado, e chegou a dizer que não adiantava o executivo fechar a cara.

“Entre agradar o Jean Paul e cumprir o compromisso do governo com a sociedade brasileira, de gerar emprego e combater a desigualdade, prefiro que ele feche a cara, mas que nós possamos lograr êxito na política pública”, disse o ministro na semana passada.

Segundo Prates, “não adianta só berrar pelo jornal, nem achar que um está rindo demais e outro está fazendo careta. Não adianta nem careta nem sorriso, adianta trabalhar junto e convergir”, afirmou Prates durante coletiva no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao lado do presidente do banco, Aloizio Mercadante. Os dois executivos anunciaram a criação de uma comissão técnica de cooperação para desenvolver os investimentos da Petrobrás.

Prates explicou que o Brasil foi favorecido por petróleo, mas não possui grandes reservas de gás natural. Ele voltou a falar que as reservas do Brasil são de apenas 12 FTCs (trilhões de pés cúbicos), enquanto os Estados Unidos têm 450 TFCs; o Catar, 800 TFCs; e a Rússia 1.300 TFCs.

“Se não tem gás para todos os segmentos, vamos trabalhar o mix (de oferta de energia) em vez de criar polêmica onde não existe”, afirmou Prates.

O ministro lançou o “Gás para empregar”, na esteira de outros programas de governo que não deram certo, como “Gás para Crescer” e ainda um mais antigo no governo Fernando Henrique Cardoso, para estimular o uso do gás em térmicas.

Os conflitos entre o ministro de Minas e Energia e o presidente da estatal começaram desde o início do governo, quando Prates afirmou que a diretoria da empresa iria avaliar os ativos que sairiam do programa de desinvestimento e Silveira enviou um ofício suspendendo todas as vendas.

Outro enfrentamento se deu na formação da diretoria e Conselho de Administração da estatal na nova gestão. Silveira queria emplacar nomes de sua confiança nos cargos das duas instâncias, mas teve que se contentar com assentos no Conselho, enquanto Prates escolheu sua própria diretoria.