No mundo dos negócios, a expressão ‘primeiro vamos fazer o arroz com feijão bem-feito’ é usada para expressar a escolha estratégica de priorizar o básico antes de diversificar as atividades. De maneira geral, a frase é dita no sentido figurado, mas para a Camil Alimentos funciona muito bem no sentido literal. A multinacional brasileira soma quase 60 anos dedicados à excelência no abastecimento de arroz e feijão, modelo que aos poucos vem sendo aplicado a outros produtos: aos que vieram com as aquisições realizadas no ano passado e aos que estão chegando com as investidas de 2022. Segundo o diretor-presidente da companhia, Luciano Quartiero, bem nutrida a Camil ainda tem muito apetite para crescer dentro e fora do Brasil.

Somente em 2021, a companhia colocou no mercado brasileiro 807,4 mil toneladas de arroz e 115,6 mil de feijão, volumes 7,6% e 22,6% maiores do que os registrados em 2020, respectivamente. De lá para cá vem abrindo espaço em diferentes segmentos, o que ampliou sua abrangência geográfica. Bom exemplo é a entrada da companhia no setor de massas, com a aquisição da Santa Amália, quarta maior empresa no segmento nacional e a primeira em Minas Gerais, com mais de 40% de market share.

A expansão em terras mineiras continuou. Entraram para a lista de feitos a aquisição do Café Bom Dia, instalada na cidade de Varginha, importante região cafeeira do País; a marca Seleto; e o lançamento do Café União. De acordo com Quartiero, houve trabalho intenso para que esses cafés chegassem às gôndolas em 2022 com toda força, “alavancando ainda mais o crescimento e a sinergia como plataforma de alimentos de mercearia seca e alto giro no Brasil”. Não parou por aí.

Luciano Quartiero. Empresa: Camil Alimentos. Cargo: Diretor-presidente. Destaques da gestão: empreendedorismo, cultura de dono, liderança forte, condução na expansão dos negócios, desenvolvimento sustentável.

“Por atuarmos com produtos que são a base da mesa dos brasileiros, temos a missão de disponibilizá-los com a qualidade esperada e a preços justos” Luciano Quartiero, Diretor-presidente da Camil.

Em agosto a Camil anunciou aporte de R$ 152,8 milhões em uma negociação com a Pepsico para a aquisição da Cipa Industrial de Produtos Alimentares e da Cipa Nordeste Industrial de Produtos Alimentares. Com as incorporadas, vieram para o portfólio a tradicional marca Mabel, além de Doce Vida, Elbi’s, Mirabel e Pavesino. O principal resultado foi a entrada da companhia no segmento de biscoitos, o que foi reforçado também com o licenciamento da marca Toddy para cookies por um período de dez anos. Para Quartiero, a diversidade de negócios reduz riscos e aumenta a sinergia estrutural e de custos, além de permitir ganho de escala, marketing e de maior expertise em diferentes modelos de distribuição, suprimentos e trade. A estratégia agora é reconhecida com o desempenho da empresa em AS MELHORES DA DINHEIRO 2022, em que conquistou o título da categoria Alimentos.

PILARES Essa capacidade de investimentos está diretamente relacionada à saúde financeira da companhia. No ano passado, a Camil teve receita bruta de R$ 10,3 bilhões, o dobro do que a empresa faturou em 2017, quando abriu capital, e 20,8% na relação com 2021. O lucro bruto foi de R$ 1,8 bilhão em 2021, alta de 7,1% na comparação anual. A sustentação desses números vem dos fatores que compõem a gestão e a governança da empresa — empreendedorismo, cultura de dono e liderança forte — e das medidas para assegurar o elevado padrão de qualidade dos produtos.

Mas mesmo diante dos bons números, os produtos carro-chefe da companhia, o arroz e o feijão, trazem alguma preocupação. Devido a fatores como os efeitos climáticos, que prejudicaram a produção agrícola no ano passado, e da guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou o abastecimento global de cereais e a logística mundial, os preços dos alimentos vêm aumentando constantemente. Esse quadro pode representar maior faturamento, mas também pode ser um problema, pois o poder de compra da população brasileira vem sendo achatado pela inflação. No fim, é o consumo o maior penalizado. A ligação desses pontos revela uma pressão maior sobre a responsabilidade da companhia como fornecedora de alimentos básicos. “Por atuarmos com produtos que são a base da mesa dos brasileiros, temos a missão de disponibilizá-los com a qualidade esperada e a preços justos”, afirmou Quartiero.

Esse cuidado também passa por características nutricionais, de sabor e pela segurança alimentar. “Temos um rígido processo de avaliação da nossa área de qualidade na chegada da matéria-prima em nossas unidades fabris, e com análises ao longo da cadeia e no produto finalizado”, disse Quartiero. Além disso, a equipe técnica da Camil avalia constantemente os pontos de controle e oportunidades de melhoria nas fábricas, com atenção para riscos biológicos, químicos e físicos. Uma receita que tem tudo para cair no gosto do mercado.