24/05/2022 - 15:34
O pré-candidato do PROS à Presidência da República, Pablo Marçal, começa a chamar a atenção de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Recém-chegado à disputa e ainda sem pontuar nem 1% nas pesquisas de intenção de voto, o influenciador passa longe de ser uma preocupação para o Palácio do Planalto, que aposta na polarização com o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, interlocutores de Bolsonaro começam a citá-lo em suas análises eleitorais – o que ainda não tinha acontecido – e destacam a aderência da pré-candidatura dele ao discurso da antipolítica utilizado pelo presidente em 2018.
Com 2,2 milhões de seguidores no Instagram – incluindo figuras do bolsonarismo como o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o pré-candidato ao governo de Goiás Major Victor Hugo (PL) – o coach Pablo Marçal ficou conhecido por liderar uma expedição no Pico dos Marins (SP) em meio a forte chuva e vento. O Corpo de Bombeiros teve de resgatar 32 pessoas em uma operação que durou nove horas, e considerou que o influenciador digital colocou seus convidados em perigo. Agora, ele está proibido pela Justiça de realizar expedições em montanhas.
Ao analisar o cenário eleitoral, aliados de Bolsonaro envolvidos na campanha à reeleição destacam o perfil “outsider” de Marçal, figurino vestido pelo presidente nas eleições de 2018, apesar de seus 28 anos de Parlamento. Embora a antipolítica não seja a tônica da disputa deste ano, marcada pela conjuntura econômica, há uma fatia dos eleitores ainda interessada em nomes sem trajetória eleitoral.
Ao Broadcast Político, o deputado federal Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL e um dos articuladores políticos da legenda de Bolsonaro, diz que Marçal é o único que, eventualmente, poderia mordiscar um naco do eleitorado conservador do presidente. “Com a saída de Moro, nenhum outro pode tirar o voto conservador. Terceira via só funcionaria com alguém de fora do meio político, como Marçal”, avalia o parlamentar. “Mas o segundo turno já está definido e será entre Bolsonaro e Lula”, aposta.
Nos bastidores, bolsonaristas alertam que é preciso monitorar figuras como Marçal, se não para esta eleição, para as próximas. Como argumento, lembram a ascensão do ex-deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido como “Mamãe Falei”.
Vindo do Movimento Brasil Livre (MBL), Do Val foi cassado há uma semana após dizer que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”. Antes disso, porém, ficou em quinto lugar na mais recente disputa pela Prefeitura de São Paulo, chamada de “joia da coroa” no meio político. O forte desempenho nas redes sociais o levou a alcançar 9,78% dos votos válidos no primeiro turno, à frente do então candidato do PT, Jilmar Tatto, que conquistou 8,65%.