27/07/2020 - 10:25
O preço do ouro quebrou um novo recorde nesta segunda-feira (27), confirmando seu status de valor refúgio em tempos de pandemia e tensões entre a China e os Estados Unidos, embora a queda do dólar também tenha contribuído para seu aumento.
O ouro atingiu o máximo absoluto de US$ 1.944,71 a onça pouco depois das 03H00 GMT (0H00 de Brasília), e estava sendo negociado a cerca de US$ 1.934 às 08H30 GMT (05h30 de Brasília).
+ Ouro fecha na máxima histórica, depois de ter rompido marca de US$ 1900 no pregão
+ Ouro fecha em alta, com tensão entre EUA e China, e se aproxima de recorde
Seu recorde anterior remonta a setembro de 2011, de US$ 1.921 a onça.
O preço do metal amarelo valorizou mais de 27% desde o início do ano. Analistas preveem que o ouro em breve romperá a barreira dos US$ 2.000.
Agora que a epidemia de coronavírus piora em muitos países, os investidores estão escolhendo o ouro, o eterno porto seguro em tempos de crise.
As medidas de flexibilização monetária decididas pelo Federal Reserve baixaram o dólar, o que aumentou ainda mais a atratividade do ouro.
Como o valor do ouro é expresso em dólares, uma queda na moeda dos EUA torna o metal precioso mais barato para os compradores que usam outras moedas.
“Aumentos acentuados são inevitáveis quando entramos em um período semelhante ao de depois da crise financeira global, quando os preços atingiram níveis recordes devido à quantidade de dinheiro injetada pelo Fed no sistema financeiro”, disse Gavin Wendt, analista da MineLife.
Alguns especialistas chegam a prever um preço futuro do ouro a US$ 3.000 a onça, o que convence vários investidores de que não é tarde demais para continuar especulando com esse metal.
– Valor refúgio de milhares de anos –
As primeiras minas de ouro descobertas datam de 3.000 anos antes de nossa era e foram exploradas pelos egípcios.
E a distribuição relativamente equilibrada de ouro em nível planetário fez com que muitas civilizações antigas se interessassem neste metal.
A princípio, o ouro era especialmente apreciado por sua aparência estética, mas mais tarde, a partir de 700 anos antes de Cristo, tornou-se a base do sistema monetário, juntamente com a prata.
O metal amarelo, escasso, relativamente fácil de extrair, maleável – torna-se líquido a 1.064 graus Celsius – e é inoxidável, possui inúmeras qualidades, além de sua beleza, o que o torna muito prático e um metal precioso por excelência.
O ouro permaneceu predominante no sistema monetário internacional até 1971 e a decisão do presidente dos EUA, Richard Nixon, de suspender a conversibilidade do dólar em ouro, encerrando assim o sistema de Bretton Woods herdado da Segunda Guerra Mundial.
Hoje, porém, como a oferta de ouro é constante no tempo, comparada ao de outras matérias-primas, como o petróleo, o metal amarelo tem uma imagem de estabilidade.
Entre 2018 e 2019, a produção praticamente não mudou, registrando um aumento de 1%, e apenas o aumento da reciclagem permitiu que a oferta aumentasse em 3%.
Embora o ouro seja altamente valorizado pelos investidores, tem detratores, como o bilionário Warren Buffett, que o critica por sua improdutividade.
No passado, o economista John Maynard Keynes zombara do metal precioso como uma “relíquia bárbara”.