WASHINGTON (Reuters) – Os preços ao consumidor nos Estados Unidos tiveram leve alta em março com a queda do custo da gasolina, mas os aluguéis altos mantiveram as pressões inflacionárias latentes, provavelmente garantindo que o Federal Reserve aumentará a taxa de juros novamente no próximo mês.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,1% no mês passado, após avançar 0,4% em fevereiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira.

Nos 12 meses até março, o índice avançou 5,0%, o resultado mais fraco desde maio de 2021. Em fevereiro a inflação havia subido 6,0% na base anual.

Economistas consultados pela Reuters previam que alta de 0,2% do índice no mês e de 5,2% na comparação anual.

A inflação anual nos EUA atingiu um pico de 9,1% em junho, taxa mais elevada desde novembro de 1981, e está diminuindo conforme saem da conta os fortes aumentos do ano passado. Mas permanece em mais que o dobro da meta de 2% do Fed em todas as medidas.

Os preços da gasolina devem se recuperar nos próximos meses, depois que a Arábia Saudita e outros produtores de petróleo da Opep+ anunciaram neste mês novos cortes na produção.

Os dados da inflação vieram na esteira do relatório de emprego da última sexta-feira, que mostrou um ritmo sólido de criação de vagas de trabalho em março e queda da taxa de desemprego para 3,5%.

Inflação persistentemente alta, aperto no mercado de trabalho e sinais de que o estresse do mercado financeiro, causado pelo colapso de dois bancos regionais no mês passado, está diminuindo, devem permitir que o Fed continue priorizando a retomada da estabilidade de preços.

Os mercados financeiros estão inclinados para um aumento de mais 25 pontos-base nos juros na reunião de política monetária de 2 a 3 de maio, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group.

No mês passado, o Fed elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, mas indicou que estava prestes a interromper novos aumentos das taxas em um aceno à turbulência do mercado financeiro. O banco central dos EUA aumentou sua taxa básica de juros em 475 pontos-base desde março passado, do nível próximo a zero para a faixa atual de 4,75% a 5,00%.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços ao consumidor aumentou 0,4% no mês passado, após alta de 0,5% em fevereiro. Os aluguéis continuaram a impulsionar o chamado núcleo do índice.

Com medidas independentes mostrando os aluguéis em trajetória de queda, no entanto, a inflação imobiliária deve começar a diminuir no segundo semestre. As medidas de aluguel no índice de preços tendem a ficar atrás das medidas independentes.

No entanto, o caminho da desinflação deve ser acidentado, com pressão vinda do custo dos serviços fora de casa. Nos 12 meses até março, o núcleo do índice subiu 5,6%, após alta de 5,5% em fevereiro. Isso encerrou cinco meses consecutivos de aumentos lentos no núcleo do índice na base anual.

(Reportagem de Lucia Mutikani)

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