Os contratos futuros de petróleo fecharam esta sexta-feira, 13, em forte alta, depois de saltarem mais de 10% durante a madrugada, em reação aos ataques israelenses contra instalações nucleares e militares do Irã.

Embora os bombardeios não tenham atingido a infraestrutura petrolífera do país, investidores seguem apreensivos quanto a retaliações, especialmente devido à presença militar iraniana perto do Estreito de Ormuz – ponto de passagem crucial para o transporte global de petróleo.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para julho fechou em alta de 7,26% (US$ 4,94), a US$ 72,98 o barril. O Brent para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 7,02% (US$ 4,87), para US$ 74,23 barril. No acumulado da semana, o WTI disparou 13% e o Brent, 12%.

Os ganhos de sexta-feira foram os maiores movimentos intradiários para ambos os contratos desde 2022, depois que a invasão da Ucrânia pela Rússia causou um aumento nos preços da energia.

Na tarde desta sexta-feira (horário de Brasília), as tensões seguiam elevadas com o Irã retaliando Israel com o lançamento de mísseis, o que deu novo fôlego para a alta de preços da commodity.

O comércio de petróleo do Irã é restringido por sanções ocidentais e proibições de importação, e Israel exporta apenas pequenas quantidades de petróleo e derivados. A China é o único cliente do petróleo iraniano, mas poderia buscar fontes alternativas de abastecimento entre os exportadores do Oriente Médio e a Rússia.

Para Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, o aumento da aversão ao risco global pode provocar fuga de capitais de mercados emergentes, como o Brasil, e valorização de ativos considerados “porto seguro”, como dólar, ouro e títulos do Tesouro americano.

“Isso encarece combustíveis e gera pressão inflacionária adicional, afetando margens de empresas dependentes de combustíveis ou commodities importadas, além de gerar pressão sobre inflação e juros. E com a inflação já alta no país e a Selic elevada, o choque inflacionário externo dificulta qualquer alívio monetário no curto prazo e isso prejudica setores sensíveis ao crédito e à demanda doméstica”, avalia.

Israel disse que tinha como alvo as instalações nucleares do Irã, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares na sexta-feira, no início do que alertou que seria uma operação prolongada para impedir Teerã de construir uma arma atômica, enquanto o Irã prometeu uma resposta dura.

O presidente dos EUA, Donald Trump, instou o Irã a fazer um acordo sobre seu programa nuclear, para pôr fim aos “próximos ataques já planejados”.

Na avaliação de Allen Good, da Morningstar, um conflito maior no Oriente Médio parece improvável, pois o governo dos EUA continua comprometido com as negociações com o Irã, e a resposta de Teerã ao ataque de Israel provavelmente será moderada.

*Com informações da Reuters e Agência Estado