27/04/2021 - 9:11
Há um ano, os preços do petróleo caíram no abismo, afetados pela pandemia e pelas divisões na OPEP+. Desde então, voltaram a subir, impulsionados pelas vacinas e pelas expectativas de recuperação.
A cerca de 65 dólares o barril, o petróleo recuperou seu preço anterior à pandemia e o banco americano Goldman Sachs projeta que vai superar os 80 dólares no verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) pelos “índices favoráveis da demanda nos lugares com forte taxa de vacinação”.
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Seu rival Morgan Stanley calcula que o barril de petróleo alcançará os 70 dólares no terceiro trimestre.
“À medida que os meses do verão se aproximam é razoável esperar que o efeito ‘reabertura’ [da economia] se junte ao aumento sazonal normal” de consumo de petróleo, segundo seus analistas.
Além disso, os fundamentos do mercado de petróleo – a oferta e a demanda – estão agora “mais sólidos” e equilibrados, estima a Agência Internacional da Energia (AIE) em suas últimas previsões publicadas na semana passada.
A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) também se mostrou mais otimista e espera uma recuperação mundial da demanda de petróleo dos 6 milhões de barris diários para 96,5 milhões.
No entanto, um ano atrás o valor de referência do petróleo nos Estados Unidos estava no negativo, algo nunca visto antes.
Os investidores, presos entre a ausência de compradores e a impossibilidade de comprar mais barris pela falta de espaço disponível, foram obrigados a pagar para se desfazerem deles.
“A situação mudou muito desde então”, especialmente após a chegada de várias vacinas contra a covid-19 que alimentaram a esperança de virar a página da pandemia, diz à AFP Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank.
A campanha de vacinação no Reino Unido está em pleno apogeu, assim como nos Estados Unidos, onde seu presidente, Joe Biden, revelou um gigantesco plano de recuperação para a primeira economia mundial e primeiro consumidor de petróleo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta agora um crescimento mundial de 6% em 2021 após a histórica recessão de 2020.
“A sensação de que tudo vai bem fez com que o mercado fique muito confiante para enfrentar uma nova crise”, alerta Bjornar Tonhaugen, analista do Rystad.
Uma situação parecida com a de abril passado “pode acontecer”, adverte Bjarne Schieldrop, analista do SEB.
O próximo encontro de ministros dos países produtores de petróleo está previsto para quarta-feira, mas a OPEP+ decidiu adiantar para esta terça uma reunião do comitê de monitoramento do acordo sobre a redução da produção.