18/01/2022 - 7:30
A explosão de casos de covid-19 pelo País neste início do ano, impulsionada pela variante Ômicron, tem feito prefeituras restringirem a testagem para a doença devido à falta de estoque, enquanto a rede privada também enfrenta problemas de abastecimento.
Na capital paulista, a rede municipal de saúde definiu no fim de semana que só casos prioritários – como gestantes, pacientes com comorbidade e moradores de rua – serão testados. Mesmo assim, os testes da prefeitura só devem durar mais 15 dias, diz o secretário de Saúde, Edson Aparecido.
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Em Santos, no litoral paulista, a prefeitura determinou que, devido à escassez de testes causada pela elevada procura, a partir desta terça, 18, o exame só será feito em quem não estiver vacinado ou tomou apenas uma dose, além de gestantes e puérperas, pessoas com comorbidades, profissionais de saúde e pessoas em situação de rua. Jacareí, no Vale do Paraíba, enfrenta situação semelhante e diz que os testes em estoque só serão destinados a pessoas em estado de saúde moderado ou grave e pacientes com fator de risco.
No Rio, a recomendação da secretaria municipal de Saúde da capital é que só quem apresentar sintomas deve procurar os postos de testagem.
Já em Patos de Minas (MG), diante do risco de desabastecimento de testes rápidos, eles só serão feitos a partir do terceiro dia de sintomas da covid.
Leve queda
Embora os casos na capital paulista tenham tido leve queda nos últimos dias, o secretário Aparecido diz não ser possível falar em estabilidade. Segundo ele, a média móvel da última semana estava em 5.881 casos. No fim de semana, foram 3 mil, mas há subnotificação e atrasos. “Temos quantidade para mais 15 dias. Até lá, seguramente, os testes que compramos e os que serão comprados pelas OSs (Organizações Sociais de Saúde) vão garantir um reabastecimento na rede”, afirmou.
As OSs são instituições filantrópicas do terceiro setor, responsáveis pelo gerenciamento de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) no País, em parceria com secretarias municipais e estaduais de Saúde.
“Fizemos a priorização da testagem para garantir que não faltará testes para os grupos prioritários, que são os sintomáticos, moradores de rua, idosos, puérperas e gestantes, pessoas que estão em situação pré-cirurgia e profissionais. Para esses grupos prioritários, a gente tem teste. Autorizamos as OSs a importar testes também”, acrescentou Aparecido.
A alta do número de casos, opina, também influenciará na quantidade de testes. “Se confirmarmos a média móvel dos últimos 15 dias, que mostre um processo de estabilidade da Ômicron, precisaremos de uma quantidade menor.”
Rede privada
Mais da metade dos laboratórios privados têm estoque de testes para covid e influenza (gripe) para menos de 7 dias, e 22,5% deles têm estoque para 15 a 21 dias, sendo que a maioria está no interior do Estado. Isso é o que mostra a pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), divulgada ontem.
Além disso, 88% dos laboratórios privados em São Paulo enfrentam problemas para reposição de testes. “Não há previsão de prazo para saber até quando poderemos manter o atendimento laboratorial nesses níveis tão elevados, pois os estoques variam muito entre os laboratórios e as regiões, sendo que o desabastecimento atinge mais rapidamente pequenos e médios laboratórios, já que as grandes redes possuem maior capacidade de compra e de estocagem”, afirmou o médico Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp.
A pesquisa constatou ainda que a demanda por testes para o coronavírus teve alta de 100% em 92% dos laboratórios pesquisados e de 501% a 1000% em algumas regiões do interior, como São José do Rio Preto. Os dados são de 111 laboratórios, colhidos entre 10 e 14 de janeiro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.