27/08/2003 - 7:00
Um dos três endereços prediletos dos ricos no mercado financeiro fica na Avenida Juscelino Kubitschek, perto da Marginal Pinheiros, em São Paulo. Ali, em dois andares decorados no estilo ?clean?, com móveis claros, sem muitos enfeites, funciona a administradora de recursos Hedging Griffo. Sem agências nem talão de cheques, a empresa trabalha como um banco dos milionários. Segundo estudo da publicação especializada Investidor Institucional, a Griffo é o terceiro maior private banking do País. Ou seja: só o Itaú e o HSBC cuidam de mais dinheiro dos ricos do que o escritório da Juscelino Kubitschek.
A Griffo deixou para trás potências do mercado financeiro, como o Unibanco e o Citibank, por oferecer um tempero a mais que os concorrentes. Segundo estudos da própria Griffo, os clientes de private banking não colocam seus recursos em um único endereço. Parte das aplicações fica depositada em instituições tradicionais, como o Bradesco ou o Itaú. Outra parte vai para administradoras com aplicações sofisticadas e, em alguns casos, mais apimentadas. A Griffo briga nesse campo e agora quer levar a disputa a novos territórios: vai aconselhar os clientes na reestruturação de
empresas, fusões e aquisições, investimentos em imóveis e até
em aplicações no exterior.
A Griffo fez a sua história com fundos de investimento. Desde 1997, seu principal produto, o Verde, rendeu mais de 1062% ? contra 279% do CDI (juros cobrados entre bancos) e 184% do dólar. Esse resultado atraiu clientes. Em cinco anos, a freguesia foi multiplicada por seis. Além de seus próprios fundos, a Griffo passou a oferecer produtos de terceiros. Essa é outra marca registrada: em sua vitrine, encontra-se aplicações exclusivas, administradas por pequenos escritórios, de ex-diretores de bancos. Em geral, são hedge funds ? fundos que migram de um mercado para outro em busca de lucros ? com nomes pouco conhecidos como Tarpon ou Lotus. Ao ampliar suas atividades, o escritório vai aumentar sua oferta de fundos. Entre as novidades, a Griffo será uma das únicas a distribuir o Gávea, do ex-presidente do BC, Armínio Fraga.
A outra novidade na área de fundos será o lançamento de produtos para brasileiros com dinheiro no exterior. Serão dois serviços. A Griffo vai pesquisar fundos em todo o mundo para os brasileiros aplicarem seus recursos. Também vai criar seus próprios produtos, para quem deseja aplicar em títulos da dívida externa brasileira. ?Muitos brasileiros remetem parte do dinheiro para o exterior para diversificar suas aplicações?, diz Leo Figueiredo, diretor da Griffo. ?Vamos ajudá-los a escolher as aplicações, desde que o dinheiro tenha sido remetido legalmente.?
Novos serviços. No Brasil, a Griffo vai atacar em outra frente: quer aproveitar o relacionamento com a clientela. A estratégia é propor novos serviços aos donos de empresas de porte médio. Escritório que começou como uma corretora e passou a oferecer fundos, agora também exercerá atividades típicas de um banco de investimento. Se o empresário quiser renegociar dívidas, lançar títulos no mercado, vender a companhia ou procurar um sócio, a Griffo oferecerá serviços de consultoria. ?Vamos aumentar os serviços para os empresários que já são nossos clientes?, diz Figueiredo.
A Griffo está preparada para dar esse salto? Há 10 anos, a empresa funcionava no mesmo endereço, mas apenas num andar, apertado e modesto. Luis Sthuhlberger, um dos fundadores da Griffo, cuidava desde a estratégia do fundo Verde ao fechamento de cada negócio. A dificuldade, segundo concorrentes, está em estender para novas áreas, em que a Griffo não tem tradição. ?Tem muita gente fazendo fusões?, diz um concorrente. Alexandre Dias, professor de Finanças do Ibmec, acha que não será problema. ?Em private banking e
consultoria a empresários, o que vale é o relacionamento com os clientes?, diz Alexandre. ?E nisso eles têm uma longa história.? Se der certo, o escritório da avenida Juscelino será um dos favoritos dos ricos _ até no exterior.