22/04/2015 - 0:00
Qualquer analista iniciante sabe que o dinheiro que entra no caixa – ou que sai dele – é um fato. Todas as demais linhas do balanço, especialmente a última, embutem maiores ou menores doses de ficção. Isso não é exceção no caso da Petrobras que, com cinco meses de atraso, divulgou um prejuízo de R$ 21,6 bilhões na noite da quinta-feira 22.
Ter anunciado a primeira perda desde 1991 mostra que a Estatal resolveu seguir o preceito maquiavélico de fazer o mal de uma só vez e o bem a conta-gotas. Uma declaração da diretora de produção, Solange Guedes, mostra bem isso. Ao comentar as baixas contábeis, ela afirmou que a Petrobras tirou dos livros a plataforma P34, uma unidade “antiga, de pequeno porte e sem vida útil”.
O valor dessa baixa foi irrelevante em comparação com as demais perdas contabilizadas, mas mostra a disposição de melhorar a gestão e os processos da estatal.
Outro ponto favorável foi a decisão impopular de declarar um prejuízo e anunciar, com todas as letras, que os acionistas não receberão um centavo de dividendos referentes a 2014. Por pior que seja a repercussão dessa decisão, ela mostra disposição para defender o caixa da estatal.
Não por acaso, os recibos de ações da Petrobras negociados no mercado americano, que ficou aberto até as 20 horas (hora do Brasil), fecharam com alta de 4,08%, e os prognósticos são de que os papéis iniciem os negócios em alta nesta quinta-feira.