Os prejuízos causados pelas inundações nos Estados Unidos podem aumentar em 25% entre agora e 2050 como resultado das mudanças climáticas, segundo um estudo da revista Nature publicado nesta segunda-feira(31).

Dos atuais US$ 32 bilhões por ano, as perdas devem aumentar para US$ 40,6 bilhões (sem contar a inflação) até 2050, calculam os pesquisadores.

O estudo, publicado na revista Nature Communications, é baseado em dados de avaliação de ativos, dados demográficos e projeções de risco de inundação que levam em consideração os efeitos do aumento do nível do mar e dos ciclones tropicais.

Os cálculos serão válidos mesmo que as emissões de gases de efeito estufa diminuam no período considerado, dizem os pesquisadores.

O estudo também observa que as mudanças demográficas aumentarão os riscos, pois as populações se mudarão para novas áreas ameaçadas.

As comunidades afro-americanas ao longo das costas do Atlântico e do Golfo do México estarão entre as mais expostas, e as populações brancas predominantemente pobres estão atualmente em maior risco.

“As mudanças climáticas e os movimentos populacionais são um golpe duplo com enormes repercussões no risco de inundação”, insiste Oliver Wing, da Universidade de Bath, na Inglaterra, principal autor do estudo.

Para este especialista, os resultados devem ser “um apelo à ação”, tanto para reduzir as emissões como para intensificar as medidas de adaptação às consequências dramáticas das alterações climáticas.

Entre fatores climáticos e demográficos, o estudo estima que mais de 7 milhões de pessoas adicionais estarão expostas ao risco de inundações nos Estados Unidos, o que representa um aumento de 97%.

Moradores dos estados do Texas e da Flórida verão seu risco de exposição aumentar em 50%. O estudo destaca ainda os riscos associados à construção de edifícios “em zonas atualmente pouco povoadas” nos estados do sul ou centro do país e recentemente expostos ao risco de inundações devido às alterações climáticas.

“O prazo relativamente curto em que essas mudanças ocorrerão significa que não podemos contar com reduções de emissões para mitigar riscos e, portanto, precisamos aprimorar as medidas de adaptação, tanto agora quanto no futuro”, conclui um dos coautores do estudo, Paul Bates, também da Universidade de Bath.