Hong Kong “deve continuar a ser livre e aberta” – declarou, nesta segunda-feira (23), o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ao presidente chinês, Xi Jinping.

Abe se encontrou com o chefe de Estado chinês em Pequim antes de viajar para a cidade de Chengdu, no sudoeste do país, para participar de uma reunião trilateral com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Em uma entrevista coletiva após a reunião com Xi, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Otaka Masato, disse que Abe “pediu à China que mantenha sua moderação” e expressou “a esperança de uma resolução rápida” para a situação em Hong Kong, palco há meses de protestos pró-democracia que resultaram em violência.

Abe “reiterou que está muito preocupado com a situação […] [e] mencionou que, sob o esquema ‘um país, dois sistemas’, Hong Kong deve continuar livre e aberta e desfrutar de seu desenvolvimento”, disse Otaka.

Segundo o porta-voz japonês, Xi repetiu a posição tradicional chinesa, segundo a qual Hong Kong “é um assunto interno”.

O esquema “um país, dois sistemas”, em vigor desde a devolução de Hong Kong do domínio colonial britânico a Pequim, permite que os cidadãos do centro financeiro desfrutem de liberdades ausentes no restante do território chinês.

Esse sistema de transição termina em 2047, 50 anos após a retrocessão, mas muitas pessoas de Hong Kong estimam que a China já está corroendo essas liberdades.

Xi e Abe também discutiram sobre a Coreia do Norte e a desnuclearização da península coreana, disse o porta-voz, e Xi “pediu apoio” para um projeto conjunto que China e Rússia apresentaram na ONU. O texto propõe aliviar as sanções contra o regime norte-coreano.

Otaka afirmou que, na opinião de Tóquio, é muito cedo para considerar a suspensão de sanções contra Pyongyang por seu programa nuclear.

“Nossa posição é que é muito cedo para que as sanções sejam levantadas neste momento, considerando o que está acontecendo na Coreia do Norte atualmente”, afirmou o porta-voz.

Abe também mencionou a situação dos direitos humanos da minoria uigur e disse que “espera ver o governo chinês, explicando com transparência a crise”.

A China tem enfrentado condenação internacional por supostamente manter cerca um milhão de uigures e membros de outras minorias étnicas, principalmente muçulmanas, em campos de internação na região de Xinjiang, no noroeste do país. Pequim nega esse número e afirma que esses são “centros de treinamento profissional” destinados a combater a radicalização islâmica.