30/05/2007 - 7:00
Os investidores em fundos de ações têm surfado na onda de otimismo que invadiu a Bolsa de Valores a partir de 2003. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, bateu recordes sucessivos e ultrapassou os 50 mil pontos no início de maio. São mais de 360% de alta desde o início do governo Lula. A valorização do Ibovespa nos 12 meses terminados em abril deste ano bateu nos 21,29%. Em 24 meses, chegou a 97,06%. A pergunta é inevitável: até quando a maré de alta vai durar? As projeções dos analistas mais otimistas indicam que o Ibovespa poderá ultrapassar 60 mil pontos ainda este ano. Ou seja: o potencial de alta ainda é forte. Será? Não importa: qualquer que seja o cenário, o investidor em fundos de ações deve preparar-se para enfrentar eventuais tempestades – como a que derrubou as Bolsas internacionais em fevereiro, diante de temores com o mercado acionário chinês. Nesses momentos, um bom colete salva-vidas é fundamental.
Os fundos de ações não estão imunes às marolas da Bolsa, mas oferecem uma proteção adicional aos investidores. É a experiência dos gestores profissionais, que têm por trás equipes atentas aos indicadores das companhias e das economias em vários mercados e países. Eles têm equipes de análises especializadas e desenvolvem estratégias para os momentos de turbulência. Quando acertam, minimizam as perdas e maximizam os ganhos. Por isso, antes de escolher um fundo, avalie seu desempenho nos momentos mais críticos, e não apenas na época da bonança. Conhecer a política de aplicação dos recursos também é fundamental para quem pretende correr mais riscos na Bolsa e não quer afundar com a massa de investidores incautos se e quando o barco virar.
Ter um caixa reforçado para enfrentar os momentos de maior volatilidade é parcela importante da estratégia da Skopos Administradora de Recursos. Seu fundo Skopos HG FIC Ações, que valorizou- se 53,3% nos últimos 12 meses, raramente tem 100% do patrimônio alocado em ações. Uma porcentagem de até 35% é sempre mantida em renda fixa à espera do melhor momento. Em agosto de 2006, quando a Vale do Rio Doce comprou a canadense Inco, suas ações despencaram 20%. A Skopos comprou o que pôde e seu fundo faturou com a alta das ações nos meses seguintes. “Investir em ações não é cassino, é preciso saber esperar a oportunidade de comprar a empresa correta”, diz Luis Soares, gestor da administradora.
Os fundos estão atentos às novas empresas que chegam ao mercado. Somente em 2006, 26 companhias emitiram ações na Bovespa pela primeira vez. Este ano, 21 novatas fizeram lançamentos. Escolher as ações dos melhores setores é essencial para garantir lucros na fase de expansão da economia brasileira. O segmento imobiliário é um dos que prometem crescer ainda mais, prevê Valmir Celestino, gestor de renda variável do Banco Safra. “A construção civil deve se destacar com a expansão do crédito para a classe média”, diz ele. Celestino também destaca os setores infraestrutura e logística. Até 2006, poucas construtoras e incorporadoras tinham se arriscado a abrir o capital. Agora, com o crédito mais abundante, juros em queda e maior poder financeiro da classe média, elas buscam captar novos recursos na Bolsa para aumentar seus investimentos em novos empreendimentos. Destaque nos fundos de ações com aplicação inicial até R$ 10 mil, o Safra Small Cap FI Ações teve rentabilidade de 37,02% em 12 meses. O gestor Celestino toma precauções para não colocar papéis com pouca liquidez, o que pode atrapalhar a estratégia do fundo, caso seja preciso se desfazer rapidamente do ativo. “Temos cuidado ao colocar um novo papel na carteira. Nós pensamos no médio e no longo prazo”, afirma.
Outro campeão de resultados é o Geração FI Ações, que aparece pela segunda vez em primeiro lugar no ranking dos fundos de R$ 10 mil a R$ 50 mil. Em 24 meses, rendeu 199,27%. O fundo cobra 3% de taxa de administração. “Eu invisto toda a taxa de administração na minha equipe de analistas”, diz Edmundo Valadão, sócio da Geração Futuro Corretora de Valores. Segundo ele, aplicar na Bolsa é como entrar em uma sociedade. É preciso conhecer a fundo as virtudes e os defeitos da empresa. Por isso, Valadão restringe sua carteira a nove ações e mergulha fundo nas companhias escolhidas. Seus cotistas, assim, podem surfar tranqüilos na Bolsa.