30/07/2021 - 17:50
Por Tarek Amara e Angus McDowall
TÚNIS (Reuters) – O presidente da Tunísia, Kais Saied, prometeu nesta sexta-feira que não se tornará um ditador e rejeitou as acusações de ter dado um golpe, após a prisão de um parlamentar.
A Tunísia ingressou em uma crise política no domingo após a decisão do presidente de demitir o primeiro-ministro e congelar o Parlamento por 30 dias, levando os principais partidos a acusá-lo de golpe.
Saied ainda não deu os passos que os críticos dizem ser necessários para tranquilizar os tunisianos, incluindo a nomeação de um primeiro-ministro interino e um roteiro para acabar com as medidas de emergência.
“Eu conheço muito bem os textos constitucionais, respeito-os e ensinei-os, e depois de todo este tempo não vou virar ditador como alguns disseram”, disse o ex-professor de Direito, de acordo com a Presidência tunisiana.
As preocupações com os direitos e liberdades na Tunísia, uma democracia desde a revolução de 2011, aumentaram nesta sexta-feira após a prisão do parlamentar e influente blogueiro Yassin Ayari e o anúncio de investigações de pessoas que protestaram contra as ações de Saied durante uma manifestação na segunda-feira.
O Judiciário militar disse que Ayari foi preso por uma decisão judicial emitida há três anos por difamar o Exército. Saied removeu no domingo a imunidade dos membros do Parlamento, abrindo caminho para que sejam presos.
Na segunda-feira, o maior partido no Parlamento, o islâmico moderado Ennahda, fez uma manifestação em frente ao Parlamento após o prédio ser cercado pelo Exército. Centenas de apoiadores do Ennahda e Saied se enfrentaram, alguns jogando pedras ou garrafas.
O Judiciário disse que abriu investigações sobre quatro pessoas ligadas ao Ennahda por “tentativa de cometer atos de violência” durante o protesto, incluindo um membro de um conselho do partido e dois membros com ligações com seu líder.
O movimento de Saied para tomar o controle executivo do país parece ter amplo apoio popular na Tunísia, onde anos de mau governo, corrupção, paralisia política e estagnação econômica foram agravados este ano por um aumento de casos e mortes de Covid-19.