LISBOA (Reuters) – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse nesta quinta-feira que seu país, devastado pela guerra, precisa de mais armas pesadas para se defender da invasão russa que ameaça sua própria sobrevivência, e pediu às nações ocidentais que imponham mais sanções.

Zelenskiy disse ao Parlamento de Portugal em um discurso por vídeo que os portugueses, que na próxima semana comemoram 48 anos que uma revolução quase sem derramamento de sangue encerrou décadas de ditadura fascista, sabiam muito bem o que significava lutar pela democracia.

“Em 57 dias de guerra, mais de 1.000 cidades ucranianas foram ocupadas por invasores que continuam destruindo nossas cidades”, disse ele. “Milhões de pessoas tiveram de fugir… é como se Portugal inteiro fosse obrigado a sair.”

Ele acusou o Exército russo de cometer muitas atrocidades na Ucrânia, inclusive na cidade portuária de Mariupol, que tem enfrentado intenso bombardeio.

“Estamos lutando não apenas por nossa independência, mas por nossa sobrevivência, por nosso povo, para que eles não sejam mortos, torturados e estuprados”, disse Zelenskiy. “Os russos já sequestraram mais de 500.000 pessoas… que foram deportadas para as regiões mais distantes da Rússia, em campos remotos.”

Moscou, que descreve suas ações na Ucrânia como uma “operação militar especial”, nega visar civis e rejeita o que a Ucrânia diz ser evidência de atrocidades, dizendo que Kiev as encenou para minar as negociações de paz.

O presidente ucraniano pediu a Portugal que apoie um embargo global ao petróleo russo e que apoie o desejo de Kiev de aderir à União Europeia.

Pouco depois do discurso de Zelenskiy, o presidente do Parlamento português, Augusto Santos Silva, disse: “A luta pela liberdade do seu país é a luta da Europa pela liberdade”.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse na quarta-feira que a UE procurará mais maneiras de responder à invasão da Rússia.

(Reportagem de Andrei Khalip e Catarina Demony)