O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, alertou nesta terça-feira (14) que os riscos ao emprego aumentaram nos últimos meses nos Estados Unidos e destacou uma forte desaceleração na criação de empregos.

Os dados oficiais sobre o emprego em setembro ainda não foram divulgados devido à paralisação do governo americano, mas os números do setor privado apontam para uma desaceleração acentuada nas contratações no mês passado.

“Embora o índice de desemprego tenha permanecido baixo até agosto, os aumentos na folha de pagamento desaceleraram de forma drástica, provavelmente em parte devido à queda no crescimento da força de trabalho”, disse Powell em uma conferência na Filadélfia.

Ele também apontou como possível causa uma “menor imigração e participação na força de trabalho”.

O crescimento econômico parece se manter bem, acrescentou.

No mês passado, as autoridades do Fed votaram pelo corte das taxas de juros de referência pela primeira vez este ano e decidiram por uma redução de 0,25 ponto percentual para apoiar o enfraquecido mercado de trabalho.

Na reunião de política monetária de setembro, as autoridades do Fed esboçaram cortes adicionais de até 50 pontos-base, em média, o que sugere novas reduções pelo banco central nas duas reuniões restantes, em outubro e dezembro.

“Neste mercado de trabalho menos dinâmico e um pouco mais brando, os riscos de queda para o emprego parecem ter aumentado”, disse Powell, observando que as expectativas de inflação a longo prazo permaneceram alinhadas com a meta de 2% do Fed.

Ele acrescentou que “os crescentes riscos de queda para o emprego alteraram a nossa avaliação do balanço de riscos”.

“Não há um caminho livre de riscos para a política (monetária) enquanto navegamos pelas tensões entre nossas metas de emprego e inflação”, acrescentou Powell.

O Fed tem um mandato duplo do Congresso para agir de forma independente e lidar tanto com a inflação quanto com o emprego a partir da regulação das taxas de juros de referência.

Powell também sugeriu que o Fed poderia em breve deixar de reduzir o tamanho de seu balanço, que disparou nos primeiros dias da pandemia de covid-19, quando o banco central acumulou títulos do Tesouro e títulos respaldados por hipotecas para sustentar a economia.

“Nosso plano há muito tempo é interromper o declínio do balanço quando as reservas estiverem um pouco acima do nível que consideramos consistente com condições de reservas amplas”, disse ele. “Poderemos nos aproximar desse ponto nos próximos meses”.