Após três questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serem anuladas por serem “similares” às divulgadas em redes sociais, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Manuel Palácios, disse na terça-feira, 25, que a memorização de perguntas “não coloca em risco nenhum tipo de segurança ou questão de sigilo” relacionado à prova.

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Palácios afirmou que “não há nenhuma injustiça”. “Nenhum resultado da prova, a nota que o estudante receberá, o final deste processo, nada será afetado por essa lembrança”, disse.

Cinco dias antes das últimas provas do Enem 2025, realizado nos dias 9 e 16 de novembro, o estudante de Medicina Edcley Teixeira divulgou, em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, questões iguais às que caíram no exame. Uma das perguntas mostradas aborda a fotossíntese oxigênica – e a resposta certa é “água”, tanto na escrita pelo professor quanto na do Enem. Outro item trata do parcelamento de uma compra de R$ 60 mil em seis vezes. O enunciado na prova oficial é semelhante e usa exatamente os mesmos números.

O Inep disse nesta terça-feira à TV Globo que, depois de uma auditoria, concluiu que Teixeira não teve acesso prévio à prova deste ano e que, por isso, não pretende anular nenhuma outra questão. Teixeira afirma nas redes sociais que consegue antecipar conteúdos com base em edições antigas do Enem e em outras provas usadas pelo Ministério da Educação (MEC) para testar o nível de dificuldade de perguntas que serão incluídas no exame.

Ele também pagava estudantes para memorizarem questões de um pré-teste do Enem – na prova do Prêmio Capes de Talento Universitário, feita com alunos de universidades federais que serve para premiar desempenhos e também testar a dificuldade de possíveis perguntas de edições futuras do Enem.

Procurado pelo Estadão, Teixeira não respondeu às tentativas de contato. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele disse no domingo, 23, que “as similaridades pontuais foram coincidência” e que “não sabia” que questões idênticas às que divulgou em uma live cairiam na prova deste ano.

Horas antes da exibição da entrevista, a Polícia Federal (PF), que apura suspeita de fraude no exame, cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do estudante, no Ceará. O celular e o notebook dele foram apreendidos. Já na terça, foram identificadas mais duas questões divulgadas por Teixeira que eram praticamente idênticas às do exame.