A atividade econômica brasileira voltou a crescer em agosto após três meses seguidos de queda, mostraram dados do Banco Central (BC) nesta quinta-feira, 16, mas em um ritmo mais fraco do que o esperado em um ambiente de juros restritivos e incertezas com a política tarifária dos Estados Unidos.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve em agosto avanço de 0,4% em relação ao mês anterior, em dado dessazonalizado.

O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,6%, depois de recuo de 0,52% em julho em dado ligeiramente revisado pelo BC de retração de 0,50% informada antes.

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Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a ‘prévia do PIB’ do BC registrou alta de 0,1%, enquanto no acumulado em 12 meses registrou um ganho de 3,2%, de acordo com números não dessazonalizados.

A expectativa é de desaceleração da economia brasileira em 2025 em meio aos impactos restritivos da Selic, atualmente em 15% ao ano. A projeção do mercado financeiro para o PIB é crescimento de 2,16% em 2025 e de 1,80% em 2026, bem abaixo do resultado de 2024, quando o avanço foi de 3,3%.

“O dado de agosto reforça a leitura de que a economia brasileira não corre o risco de uma desaceleração mais acentuada, mas atravessa um período de crescimento mais contido”, disse Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay.

“A trajetória do segundo semestre seguirá condicionada à política monetária, à confiança dos agentes e ao comportamento do mercado de trabalho, em um ambiente fiscal e externo desafiador”, completou ela, que projeta crescimento do PIB de 2,2% este ano.

Entenda o indicador

O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.

O mês de agosto foi marcado pela entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo carne, café, frutas e calçados. Assim, os resultados econômicos divulgados pelo IBGE sobre o mês de agosto foram positivos.

Em agosto, a abertura dos dados do BC mostrou que houve crescimento de 0,8% no IBC-Br de indústria, com alta de 0,2% no índice de serviços. Por outro lado, o IBC-Br de Agropecuária apresentou queda de 1,9%. Sem contar esse setor, o índice teve avanço de 0,4%.

A produção industrial brasileira cresceu mais do que o esperado em agosto, a uma taxa de 0,8% sobre julho, enquanto o volume do setor de serviços aumentou 0,1% e marcou o sétimo mês seguido de avanço. Já as vendas no varejo tiveram alta de 0,2% e interromperam série de quatro meses de perdas.