O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma previa do PIB (Produto Interno Bruto), teve queda de 0,20% em setembro sobre agosto, segundo dado dessazonalizado divulgado nesta segunda-feira, 17, em contração maior do que a esperada por economistas.

No 3º trimestre, a atividade econômica encolheu 0,9% sobre os três meses imediatamente anteriores.

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Economistas consultados pela Reuters esperavam retração de 0,10% no mês. Na comparação com setembro de 2024, o indicador teve alta de 2,0%, avançando 3,0% em 12 meses.

A perda de fôlego da economia brasileira ocorre em meio aos efeitos do freio provocado pela taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano.

Na semana passada, o Ministério da Fazenda revisou para baixo sua projeção para o PIB de 2025. De acordo com o Boletim Macrofiscal, elaborado pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a economia deve crescer 2,2% este ano, levemente abaixo dos 2,3% estimados em outubro.

Vale lembrar que em 2024 a economia brasileira cresceu 3,4%.

O que puxou a queda

O dado de setembro se seguiu a uma alta de 0,4% do IBC-Br em agosto que havia interrompido três meses de retração da atividade.

“Esse resultado confirma a dinâmica de desaceleração da economia brasileira no terceiro trimestre, tendo em vista os efeitos da política monetária restritiva sobre o crédito, o consumo e os investimentos, somado com uma base de comparação elevada do primeiro semestre”, afirmou o economista Rafael Perez, da Suno Research.

A abertura dos dados do BC mostrou que a retração em setembro foi liderada mais uma vez pela indústria (-0,7%), com serviços também encolhendo (-0,1%), em desempenho apenas parcialmente compensado pelo crescimento da agropecuária (+1,5%). Desconsiderando-se os dados do setor agropecuário, a atividade teria caído 0,4% no mês, segundo o BC.

Na comparação com setembro de 2024, o indicador teve alta de 2,0%, avançando 3,0% em 12 meses. Os dados oficiais do PIB do terceiro trimestre serão divulgados no início de dezembro, e a expectativa mediana dos economistas é de alta de 1,8% sobre o trimestre anterior, após crescimento de 0,4% no segundo trimestre, segundo o BC.

O BC tem sinalizado a convicção de que a manutenção da taxa de juros em 15%, maior patamar em quase 20 anos, vai assegurar a volta da inflação à meta de 3%. Na ata da mais recente reunião de política monetária, divulgada na semana passada, os diretores reiteraram que a atividade econômica segue apresentando trajetória de moderação, conforme esperado.

A mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostrou nesta segunda-feira que os economistas mantiveram a expectativa de crescimento de 2,16% do PIB este ano, com desaceleração para alta de 1,78% em 2026.

O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.