02/07/2021 - 10:30
A atividade econômica tem surpreendido positivamente e os impactos econômicos da segunda onda da pandemia de covid-19 foram menores que o esperado. Com base nesses dados, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou sua projeção de crescimento do PIB deste ano para 4,90%, segundo o Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado nesta sexta-feira, 2. A previsão anterior da entidade era de uma alta do PIB de 3,00% em 2021. Com a revisão, a estimativa da indústria se aproxima da expectativa do mercado que acredita, segundo boletim Focus divulgado na última segunda-feira, 28, em um crescimento de 5,05% do PIB neste ano.
“O maior otimismo, compartilhado pelos empresários industriais, decorre da queda na atividade menor que a esperada em resposta às novas medidas de isolamento social. Não só as medidas de isolamento social foram menos restritivas que as adotadas em 2020, como também grande parte das empresas estavam mais preparadas para atuar em um ambiente de restrições à aglomeração de pessoas”, destaca o documento da CNI.
O Informe lembra que a indústria de transformação recuou 0,5% no primeiro trimestre do ano na comparação com o último trimestre de 2020. O desempenho negativo, avalia a CNI, reflete tanto a falta de insumos como o arrefecimento do consumo, que resultam da inflação e desemprego elevados. A perspectiva, no entanto, é de crescimento no segundo semestre.
A previsão é que o PIB industrial irá crescer 6,9% em 2021, ante uma estimativa de alta de 4,3% feita no primeiro trimestre deste ano. Somente a indústria da transformação deverá apresentar crescimento de 8,9% em relação ao ano passado, segundo estimativas do Informe Conjuntural, ante uma expectativa anterior de 5,7%. “Os porcentuais são significativos, mas é importante destacar que 2020 foi um ano com paralisação muito forte da atividade industrial em abril, puxando a média do ano para baixo, apesar da rápida recuperação”, destaca o documento.
A CNI aponta que um importante determinante do crescimento será o investimento. Como a confiança dos empresários voltou a crescer, isso terá reflexos na intenção de investir. “Apesar do aumento dos juros pelo Banco Central, as taxas continuam baixas para o padrão brasileiro dos últimos anos. Além disso, a utilização da capacidade instalada segue elevada, o que sugere necessidade de investimentos para ampliar a produção”, afirma o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca.
Para a indústria, a política fiscal continuará atuando de forma positiva com relação à demanda agregada. “Ainda que a diretriz continue sendo a busca pelo equilíbrio fiscal, o nível de gasto do governo será menor que o de 2020, mas superior ao de 2019.” Outra importante contribuição para a demanda agregada, destaca, se dará por meio da renda disponível das famílias. A expectativa é que o consumo das famílias volte a crescer no decorrer do ano, à medida que a renda se recupere.
No Informe Conjuntural do segundo trimestre, a CNI reviu sua projeção de inflação, medida pelo IPCA, de 4,7% para 5,8% em 2021. A inflação, segundo o documento, é um ponto de atenção para este ano. A CNI ressalta que a continuidade da alta dos preços ao consumidor motivará uma ação mais agressiva do Banco Central, com elevação dos juros, o que pode impactar o crescimento econômico.
Com relação ao endividamento, o Informe Conjuntural também traz uma revisão da projeção com relação à dívida bruta do setor público em 2021, de 90,9% do PIB para 82,3% do PIB.
A expectativa da CNI é que o real mantenha a tendência de valorização no decorrer do ano, reduzindo a pressão inflacionária. Segundo o Informe, a estimativa para média da taxa de câmbio em 2021 caiu de R$ 5,10 para R$ 4,90.
Com relação à balança comercial, a indústria também elevou a previsão de superávit comercial neste ano de US$ 53,2 bilhões para US$ 65,2 bilhões. A expectativa é que a recuperação da economia mundial favoreça as vendas externas brasileiras, com maior demanda. Segundo a CNI, as exportações de produtos manufaturados já apresentam tendência de crescimento em resposta à recuperação dos mercados norte-americano, europeu e argentino.