O fracasso dos países ricos em cumprir sua promessa de contribuir com 100 bilhões de dólares anualmente a partir de 2020 para ajudar as nações vulneráveis às mudanças climáticas acarreta uma perda “imoral” de vidas, denunciou a primeira-ministra de Barbados nesta segunda-feira (1).

Os efeitos das secas, ondas de calor, inundações e incêndios florestais alimentados pelo aquecimento “são medidos em vidas (…) em nossas comunidades, e isso, meus amigos, é imoral e injusto”, disse Mia Mottley aos mais de 120 líderes mundiais reunidos em Glasgow para uma cúpula que conduz às negociações climáticas da COP26.

Dezenas de pequenos estados insulares e grandes cidades baixas em todo o mundo também estão expostos à ameaça de supertempestades agravadas pelo aumento do nível do mar.

Os países ricos se comprometeram em 2009 a contribuir com US$ 100 bilhões anuais para ajudá-los, mas a meta não foi cumprida até a data fixada originalmente.

Na semana passada, apresentaram um cronograma revisado para alcançá-la em 2023.

Esses atrasos e o fato de que a maior parte dos fundos é fornecida na forma de empréstimos em vez de doações agravaram a divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

“Vamos realmente deixar a Escócia sem os resultados e ambições necessários para salvar vidas e nosso planeta?”, perguntou Mottley.

“Estamos tão cegos e endurecidos que não podemos mais ouvir os gritos da humanidade?”, acrescentou.

“Para quem tem olhos para ver, para quem tem ouvidos para ouvir e para quem tem coração para sentir, 1,5ºC é o que precisamos para sobreviver”, frisou, referindo-se à meta acordada em 2015 para limitar o aquecimento global a +1,5 graus em comparação com a era pré-industrial.

Segundo relatório da ONU apresentado na semana passada, mesmo que as novas promessas de redução de emissão de carbono apresentadas antes da COP26 sejam cumpridas, haveria um aquecimento “catastrófico” de +2,7ºC.

“Nosso povo, o mundo e o planeta precisam de nossa ação agora, não no próximo ano, não na próxima década”, insistiu Mottley.