Há 50 anos foi desenvolvido por Martin Cooper, ex-engenheiro da Motorola que ficou conhecido como “pai do celular”, o DynaTAC 8000x, o primeiro dispositivo móvel a realizar uma chamada telefônica. O sucesso do aparelho usado foi tão grande que estimulou a fabricante americana a investir US$ 100 milhões no projeto, que depois chegou às lojas em 1983.

O celular, com 33cm de altura e pesando 1,1kg, não tinha tela e possuía apenas botões físicos, alto-falante, microfone e uma antena física grande. Ele tinha sua própria fonte de energia, capaz de segurar uma conversa por cerca de 30 minutos e poderia receber sinal das antenas por pouco mais de 8 horas e na tomada ele precisava de 10 horas para uma carga completa.

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A gigante de telecomunicações Bell System foi quem motivou Martin Cooper a desenvolver o Motorola DynaTAC 8000x. Em 1972, ele reuniu profissionais de chips, transistores, antenas e filtros que trabalharam por três meses na criação de um dispositivo que pudesse ser usado em qualquer lugar e, de lá para cá, a evolução dos celulares tem sido impressionante.

Dispositivos que tocam músicas, reproduzem vídeos, conectam-se à internet e baixam aplicativos dos mais variados. Não só o tamanho mudou, dos 33 cm iniciais para aparelhos com menos de 15 cm e muito mais leves, mas os preços também baixaram: enquanto o DynaTAC custava US$ 5.000 em 1983, hoje é possível comprar um iPhone 14 Pro por US$ 999 nos Estados Unidos.

Foi na década de 90 que surgiram recursos como mensagens de textos. O primeiro celular vendido no Brasil, o Motorola PT-550, ficou conhecido como “tijolão” graças aos seus 348 g e 22,8 cm de altura.

Nos anos 2000 vieram os smartphones, com novidades como o surgimento de câmeras integradas e de redes 3G/GPRS/EDGE. A partir de então, o celulares se tornaram indispensáveis no dia a dia e por meio deles já era possível navegar na Internet, acessar e-mails e editar arquivos de texto.

Tendências para o setor

O que ainda pode estar por vir no que diz respeito a dispositivos móveis? Especialistas analisam a questão e acreditam que eles deverão não apenas tornarem-se ainda mais resistentes e com baterias mais duráveis, como deverão se integrar a vestimentas inteligentes e fazer uso de dispositivos 3D e de realidade aumentada.

“A escala de fabricação dos aparelhos celulares é imensa e, assim, os ganhos de escala também são enormes. Isso torna possível a incorporação de novas tecnologias com muita velocidade e, frequentemente, com custo acessível. Muitas pessoas hoje, especialmente em países em desenvolvimento, têm no celular o seu único computador. Essa é a realidade no Brasil”, diz Marco Poli, CIO da Closedgap, consultoria especializada em soluções de transformação digital.

“Os celulares têm evoluído rapidamente e tendência é continuar, com telas dobráveis, aparelhos flexíveis, mais leves e resistentes. Eles poderão se integrar com recursos de realidade aumentada virtual e a IA vai vir forte podendo tornar ainda mais integrados os dispositivos, permitindo que assistentes virtuais mais avançados automatizem tarefas”, afirma João Gabriel, head de tecnologia da Ideen, aceleradora de negócios. Para ele, teremos também integração entre os celulares e dispositivos vestíveis, como roupas e relógios inteligentes e óculos de realidade aumentada.

Segundo o CEO da Megatelecom, empresa da telecomunicações e operadora do mercado B2B, Carlos Eduardo Sedeh, teremos transformações e evoluções não só na parte física dos dispositivos, motivadas pelo uso cada vez mais intenso deles, como baterias cada vez mais duráveis, mas uma tendência também é que os celulares tenham mais funções do dia a dia, passando a controlar a saúde (batimentos cardiácos, pressão, etc.) dos seus usuários.

Vício em tela

Com o passar do tempo, o celular passou a ocupar cada vez mais espaço na vida das pessoas, que se tornaram consumidoras ávidas de informação. Isso tem gerado consequências tanto para a saúde física quanto mental dos indivíduos, criando problemas como o aumento da ansiedade e a diminuição da capacidade cognitiva.

“O celular tem virado um gadget que unificou diversos outros devices. Hoje ele serve para se atualizar, jogar, transferir dinheiro, mover-se, alimentar-se, operar na bolsa, entretenimento, entre muitas outras aplicações. É de se supor que com a rede 5G e novas versões futuras, a dependência das telas móveis vá seguir aumentando.  Não vejo o uso dele reduzindo, mas é possível que as próprias pessoas busquem um equilíbrio entre a vida on e offline”, afirma o CEO da Megatelecom.

Segundo o head de tecnologia da Ideen,  a dependência do celular está cada vez mais latente na sociedade, mas é possível criar mecanismos e estratégias para lidar com essa questão, promovendo um equilíbrio saudável entre a vida real e os dispositivos. “Devemos criar dispositivos de educação digital para educar crianças e adultos sobre o uso saudável e responsável da tecnologia criando consciência sobre os impactos do uso excessivo das telas. Recursos de bem-estar, lembretes para fazer pausa, limitar o tempo de uso, especialmente em crianças”, destaca. Incentivar atividades offline (esportes, leitura de livros, atividades sociais presenciais e ao ar livre) também está entre as ações que podem ser feitas para reduzir os danos do uso excessivo do celular.

“A máxima das nossas mães de que tudo que é em exagero faz mal parece que também se aplica ao uso das telas e essa é uma característica que está sendo ativamente estudada pelos fabricantes, com cada vez mais aplicativos e possibilidades para de alguma forma regular ou mitigar o uso exagerado dos smartphones. Porém, a tendência, a meu ver, é que a inovação se adeque e se adapte para que, no progresso das novas formas de interação que vamos ter no futuro, isso possa também ser endereçado e resolvido pela tecnologia”, conclui o CIO da Closedgap.