O presidente eleito da Argentina Javier Milei foi empossado no cargo ontem, 10, em cerimônia realizada no Congresso Nacional argentino. O líder ultradireitista recebeu a faixa presidencial do agora ex-presidente, Alberto Fernández.

+Empossado presidente, Milei promete ajuste duro na Argentina

As primeiras medidas econômicas do recém-empossado presidente devem ser anunciadas nesta terça-feira, 12. Em seu primeiro dia de mandato, o líder assinou 13 decretos, entre eles um que autoriza que parentes atuem em cargos públicos. Assim, Karina Milei, irmã do novo chefe do Executivo da Argentina e elemento crucial em sua campanha, deve se tornar secretária-geral da Presidência.

Após o evento de posse, Milei deixou o Congresso e dirigiu-se à escadaria, de onde falou para o público que se reunia para participar da solenidade de lançamento do novo governo. Neste momento, ele quebrou o protocolo de posse, já que o comum é que os presidentes eleitos na Argentina façam seus discursos no interior da Casa Legislativa.

“Hoje começa uma nova era na Argentina. Uma era de paz e prosperidade. Uma era de crescimento e desenvolvimento. Uma era de liberdade e progresso”, disse durante sua fala.

A mensagem principal de Milei é que ‘não há dinheiro’ na Argentina, e que medidas duras e necessárias devem ser implementadas para salvar o país. “Não há alternativa ao ajuste. Não há alternativa ao choque. Naturalmente, haverá um impacto negativo no nível de atividade, de emprego, nos salários reais, no número de pobres e indigentes”, disse em discurso.

Considerado como um ultraliberal, o economista foi eleito novo presidente argentino após derrotar o candidato governista, Sergio Massa, por 55,65% dos votos válidos, contra 44,35% do candidato derrotado.

Relembre as principais promessas de campanha do recém-empossado presidente da Argentina:

Dolarização da economia

Dolarizar a economia para abandonar o peso argentino é uma das principais bandeiras de Milei. A medida visa combater a alta inflação atinge a economia argentina e que, em 2022, chegou a 100% no acumulado do ano. Hoje, o país se encontra em 150% de inflação.

“O peso é a moeda emitida pelo político argentino, portanto, não pode valer nem um excremento, porque esses lixos não servem nem para adubo”, afirmou em entrevista a uma emissora de rádio local.

Política externa

Milei prometeu retirar a Argentina do Mercosul, o bloco econômico criado em 1991 e que engloba Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e recém aceita Bolívia.

Ele também é contrário à adesão do país aos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto anunciou sua expansão, com seis novos membros).

Armas e ‘mercado’ de órgãos

Em diversas ocasiões durante a sua campanha à Presidência, Milei afirmou ser a favor de que os argentinos possam comprar armas livremente, justificando, para tal, o aumento de incidentes de segurança em algumas áreas da Argentina.

O candidato defendeu também a facilitação para outro mercado: o da venda de órgãos, atividade atualmente proibida no país.

“Há 7.500 pessoas sofrendo, esperando por transplantes. Tem alguma coisa que não está funcionando bem. O que proponho é procurar mecanismos de mercado para resolver este problema”, comentou o candidato ao canal de televisão TN.

Privatização de empresas

Outra das principais orientações das políticas de Milei é a privatização das empresas públicas e dos meios de comunicação. Em entrevistas, ele afirmou que “tudo o que puder estar nas mãos do setor privado, estará nas mãos do setor privado”.

Sobre a YPF e a Enarsa, empresas públicas do setor petrolífero e energético argentino, Milei afirmou que primeiro devem “ser colocadas na criação de valor para poder vendê-las de uma forma muito benéfica para os argentinos”. Segundo fontes argentinas, não há até o momento repercussões na ratificação desta proposta.

O impacto também pode chegar nas Aerolíneas Argentinas, uma das maiores estatais do país, e falou de uma política de “céus abertos”.“Nossa ideia é entregar aos funcionários e eles próprios fazerem o expurgo e começarem a competir”, acrescentou e apontou contra os sindicatos, “o pessoal da Aerolíneas é muito qualificado, o problema está na contaminação política”, disse, na ocasião.

Gabinete e Supremo Tribunal de Justiça

Em suas primeiras declarações à mídia já como candidato eleito, Milei sugeriu algumas definições e indicações sobre quem o acompanhará em sua gestão.

Entre os nomes anunciados para assumir ministérios estão:

  • Ministério da Defesa: Luis Petri
  • Ministério do Capital Humano: Sandra Pettovello
  • Ministério da Economia: Luis Caputo
  • Ministério da Infraestrutura: Guillermo Ferraro
  • Ministério do Interior: Guillermo Francos
  • Ministério da Justiça: Mariano Cúneo Libarona
  • Ministério das Relações Exteriores: Diana Mondino
  • Ministério da Segurança: Patricia Bullrich
  • Ministério da Saúde: Mario Russo
  • Ministério do Trabalho: Gustavo Moró
  • Chefe de gabinete: Nicolás Posse

Com informações da CNN Espanhol.