09/06/2014 - 12:50
A justiça russa condenou nesta segunda-feira cinco homens a penas de prisão, dois deles perpétua, pelo assassinato em 2006 da jornalista Anna Politkovskaya, mas até o momento a pessoa que encomendou o assassinato não foi identificada.
“Não estarei satisfeito até que seja condenada a pessoa ou pessoas que encomendaram o assassinato”, afirmou ao canal Rusia 24 Ilia Politkovski, filho da jornalista russa, depois de tomar conhecimento da condenação à prisão perpétua do organizador e do autor material do crime.
Os magistrados consideraram Rustam Majmudov culpado de atirar contra a jornalista, enquanto Lom Ali Gaitukayev, tio do condenado, foi apontado como o organizador do assassinato.
O tribunal também condenou a 20 anos de prisão um policial moscovita, Serguei Jadzhikurbanov, por participação no planejamento do assassinato.
Os dois irmãos do autor material, Ibrahim e Dzhabrail Majmudov, cumprirão penas de 12 e 14 anos de prisão, respectivamente, por perseguição à jornalista e por terem avisado Rustam sobre a chegada da repórter a seu prédio, onde ela foi assassinada.
Os advogados dos filhos da vítima pediram ao tribunal clemência para Ibrahim e Dzhabrail, pois consideravam que haviam desempenhado um papel menor no crime.
Os advogados dos acusados anunciaram que pretendem recorrer do veredicto.
“Todas estas pessoas receberam duras condenações, mas eles não tinham nenhum motivo pessoal para perseguir e matar Anna Politkovskaya. A questão principal é: Quem encomendou o assassinato?”, questionou Liudmila Alekseva, diretora do Grupo de Helsinque, a organização decana na defesa dos direitos humanos na Rússia.
O filho da repórter afirmou que os cinco acusados representavam apenas “uma pequena parte dos culpados do crime”.
A redação do Novaya Gazeta, jornal independente para o qual trabalhava a repórter, elogiou o veredicto, mas pediu que a investigação continua “com o mesmo zelo” até o fim.
“Os principais personagens deste caso não estão identificados, ou seja, quem o encomendou, o intermediário e várias outras pessoas”, afirmou o diretor de redação adjunto do jornal, Serguei Sokolov.
A porta-voz da comissão que apura o caso anunciou a abertura de uma investigação específica para identificar quem encomendou a morte de Politkovskaya.
Os defensores dos direito humanos e os companheiros da jornalista apontaram em 2006 uma pista chechena na morte da jornalista de 48 anos, que fez muitos inimigos durante sua cobertura das atrocidades cometidas pelas milícias pró-Kremlin na Chechênia.
Um primeiro processo em 2009 absolveu na primeira instância dois dos três irmãos chechenos, Ibrahim e Dzhabrail Majmudov, mas a Suprema Corte anulou o julgamento para completar a investigação.
O assassinato da repórter investigativa provocou uma grande comoção e despertou a indignação da imprensa estrangeira, assim como das organizações de defesa dos direitos humanos.
O presidente russo, Vladimir Putin, do qual Politkovskaya era uma dura opositora, rejeitou dias depois da morte um crime político, por considerar que a jornalista não tinha influência suficiente na vida política na Rússia.
pop/fp