09/01/2025 - 11:16
O processo de desinflação está em boa trajetória na zona do euro e deverá atingir a meta de 2% no médio prazo de modo sustentado, avalia o Banco Central Europeu (BCE), em boletim econômico mensal divulgado nesta quinta-feira, 9. No entanto, a economia do bloco em estado de recuperação enfrentará “significativa incerteza geopolítica” nos próximos anos, enquanto tenta manter ritmo gradual de crescimento.
A autoridade monetária observa que a inflação doméstica desacelerou, mas segue elevada graças ao avanço salarial e preços de alguns setores que estão ajustando com atraso o salto da inflação em anos anteriores.
O BCE projeta que a inflação de energia deverá permanecer negativa até o segundo semestre de 2025 e continuar fraca depois disso, até retomar aceleração em 2027. Já os preços de alimentos deverão aumentar até o meio de 2025, antes de cair para uma média de 2,2% em 2027.
Sobre o PIB, o BCE nota que os catalisadores do crescimento econômico têm sido o consumo e o aumento nos estoques de empresas, apesar da fraqueza demonstrada pela contração da indústria e desaceleração na expansão de serviços. “Os riscos para o crescimento do PIB continuam de baixa, incluindo possível aumento nas tensões comerciais que podem pesar sobre a atividade da zona do euro ao reduzir exportações e enfraquecer a economia global”, afirma o banco central.
A autoridade também vê riscos de eventual aumento nos conflitos geopolíticos, baixa confiança do consumidor, queda nos investimentos na Europa e efeitos atrasados da política monetária restritiva pesando por mais tempo que o esperado.
Por outro lado, o crescimento da zona do euro poderá ser impulsionado, se o relaxamento das condições financeiras, o avanço salarial elevado e a queda da inflação permitirem uma recuperação rápida do consumo doméstico e dos investimentos.
No caso das condições financeiras, o relatório do BCE nota que os cortes de juros recentes já estão contribuindo para reduzir o nível de restrição sobre a economia. “As decisões dos dirigentes serão tomadas com base nas perspectivas para a inflação frente aos dados econômicos e financeiros”, reiterou o banco central. “Não nos comprometemos com uma trajetória de juros em particular.”