13/10/2025 - 18:36
Fiscais do Procon, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado de São Paulo, interditaram um posto de combustível de São Bernardo do Campo, na região metropolitana da capital, durante uma vistoria realizada no final de semana.
Em nota, o órgão explicou que a interdição foi realizada após o estabelecimento apresentar falhas “consideradas graves”, como impedir que os fiscais continuassem a vistoria, não apresentar notas fiscais dos combustíveis comercializados e não informar os nomes dos distribuidores nas bombas de abastecimento.
A bandeira e o endereço do posto não foram informados e, por isso, não foi possível localizar a defesa.
A vistoria foi feita após denúncias de consumidores ao Procon-SP e ocorre em meio à investigação de intoxicações por metanol a partir da ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas, cuja cadeia de contaminação pode ter origem em postos de combustíveis.
“As ações de fiscalização em postos de combustíveis se tornaram mais estratégicas e necessárias por causa da suspeita das autoridades policiais, que investigam a possibilidade de adulteradores de bebidas terem adquirido etanol em postos de combustíveis, os quais, por sua vez, estariam comercializando o produto também adulterado, com a adição de metanol”, diz o Procon-SP, em nota.
De nove estabelecimentos vistoriados, seis apresentaram irregularidades, diz o Procon-SP. Apenas um precisou de interdição. Não há nenhuma informação de que os postos em questão apresentavam metanol no combustível ou de que os locais faziam a distribuição da substância para fábricas clandestinas de bebidas, como apontaram investigações da polícia na semana passada.
A cidade de São Bernardo tem sido um foco das intoxicações. Além de registrar uma morte das cinco já confirmadas no Estado pela ingestão de metanol, a da jovem Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, o município concentra 36 dos 100 casos que atualmente estão em investigação no território paulista. Ao todo, são 28 casos confirmados de intoxicação em todo o Estado.
Além disso, a cidade do ABC paulista registrou outras duas mortes suspeitas de serem causadas pela ingestão de metanol e que ainda estão sendo analisadas.
Na semana passada, a Polícia Civil localizou em São Bernardo uma empresa clandestina apontada como responsável por adulterar bebidas alcoólicas que intoxicaram uma das vítimas. Investigações apontam que o local adquiria etanol – usado para fraudar destilados – de um posto de combustível, que repassou o produto contaminado por metanol.
Em agosto, a Polícia de São Paulo, a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado desmantelaram um esquema do Primeiro Comando da Capital que consistia em utilizar o metanol para adulterar combustível e vender o produto em postos usados para lavar o dinheiro do crime organizado. Autoridades paulistas, no entanto, descartam a participação da facção nos recentes casos de intoxicação pela substância.