Se você é um procrastinador ou uma procrastinadora, não deixe a leitura desta matéria para depois: adiar tarefas, postergar compromissos e atrasar trabalhos sistematicamente pode causar problemas que vão muito além das consequências diretas do adiamento – e fazer mal para sua saúde.

É esta a conclusão de um estudo realizado por cientistas de diversas universidades suecas envolvendo mais de 3,5 mil estudantes universitários do país, publicado recentemente na revista JAMA Network Open.

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A máxima, portanto, de não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje possui mais do que um sentido motivacional: se torna uma recomendação médica. “A procrastinação foi associada com pioras subsequentes na saúde mental (depressão, ansiedade e níveis de estresse), dores incapacitantes nas extremidades superiores, comportamentos associados a um estilo de vida pouco saudável (baixa qualidade de sono e inatividade física) e piora nos fatores de saúde psicossocial (maior sentimento de solidão e maiores dificuldades econômicas)”, diz o texto.

Definindo a procrastinação como um “atraso voluntário de uma linha de ações pretendida, apesar da expectativa de problemas causados pelo atraso”, a pesquisa se baseou em um estudo conduzido entre agosto de 2019 e dezembro de 2021, trabalhando com estudantes de 8 universidades na Suécia, averiguados em cinco momentos ao longo do período.

As medições foram estabelecidas a partir de apontamentos dos próprios alunos em um escala, de um nível 1 de procrastinação (“muito rara ou que não me representa”) ao nível 5 (“muito comum ou sempre me representa”). A partir de tal pontuação, os cientistas puderam associar, nove meses depois, os índices de procrastinação com eventuais agravamentos de saúde.

Mais, porém, do que simplesmente determinar o impacto dos atrasos, o estudo reitera o quanto as universidades podem trazer problemas à saúde de seus estudantes. “Considerando que a procrastinação é prevalente entre universitários, essas conclusões podem ser de grande importância para melhorar a compreensão a respeito da saúde dos alunos”, diz a pesquisa.

Para além das conclusões, o método do levantamento foi, no entanto, alvo de críticas, por ter sido realizado durante a pandemia, quando as condições gerais de atividades e dos próprios participantes estavam sob circunstâncias extraordinárias.