18/07/2019 - 22:03
Os procuradores da força-tarefa Greenfield denunciaram 12 investigados por corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro envolvendo o Fundo de Pensão dos Correios, Postalis.
Os crimes teriam ocorrido entre 2010 e 2011 durante a operação de aquisição, pelo Postalis, de títulos imobiliários, informou a Procuradoria.
As investigações apontaram que, durante a negociação da compra dos títulos, houve pagamento de propina de, no mínimo, R$ 2.729.835,13 a Alexej Predtechensky, ex-presidente do fundo, Ricardo Oliveira, ex-diretor financeiro, Adilson Florêncio da Costa, ex-diretor executivo e Nelson Luiz de Oliveira, então diretor dos Correios. Valor atualizado ultrapassa os R$ 4 milhões.
Segundo a denúncia, Alexandre Romano, “operador das propinas pagas a Nelson, intermediou aproximação da diretoria dos Correios e do Postalis com Paulo Gazani, dono de empresa contratada para prestar serviços de assessoria financeira”.
A Procuradoria sustenta que Gazani “aceitou pagar vantagem indevida aos funcionários públicos do Postalis e dos Correios para conseguir a aprovação de compra de debêntures da empresa JHSF e do Fundo Verax, gerido pelo Banco Cruzeiro do Sul”.
Segundo Paulo Gazani, em uma das conversas com Alexej, o ex-presidente disse: “Nós temos os nossos compromissos com quem nos colocou aqui e não podemos abrir mão deste valor”.
Para a Procuradoria, a frase de Gazani demonstra “claramente que tinha compromissos com as pessoas responsáveis pela indicação dos funcionários do Fundo que foram denunciados”.
Os valores recebidos indevidamente eram lavados por meio de simulação de importações de empresas de fachada, serviços de consultoria prestados por escritório de advocacia e doação a instituição religiosa, assinala a força-tarefa Greenfield.
A denúncia será analisada pela Justiça Federal.
A Greenfield pede a condenação dos acusados e indenização no valor correspondente a dez vezes o montante supostamente recebido a título de propina, “de forma suficiente para reparação dos danos materiais, morais e sociais causados”.
Defesa
Em nota, o Postalis afirmou que “está sob intervenção federal do órgão regulador Previc, desde outubro de 2017. Devido a isso, não se manifestará sobre o assunto. Contudo, cabe dizer que prestamos todas as informações e documentos, sempre que requisitados pelas autoridades competentes.”
A defesa de Alexej Predtechensky informou que “enquanto esteve à frente do Postalis pautou a sua atuação pela ética e correção”.
A reportagem busca contato com a defesa dos outros citados, mas ainda não obteve retorno.