29/01/2025 - 11:55
São Paulo, 29 – O incremento da produção de etanol de milho tem sido fundamental para sustentar o crescimento da fabricação do biocombustível no Centro-Sul do Brasil, em uma temporada de queda na moagem de cana-de-açúcar. Segundo dados apresentados na terça-feira, 28, pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), a produção de etanol a partir do milho avançou 30%, enquanto o etanol produzido a partir da cana registrou uma queda de 1,8%.
Até o fim da primeira quinzena de janeiro, 19,5% do etanol fabricado no País tem como base milho – a previsão é de que essa participação aumente para o intervalo de 23% a 24% até o fim da safra, em março, estimou a Unica. Já a moagem de cana recuou 4,85% nesta temporada até o momento, para 613,998 milhões de toneladas.
“O etanol de milho cresceu em áreas onde a cana não era viável, como o Centro-Oeste. Ele é complementar, porque pode ser produzido ao longo de todo o ano e utiliza subprodutos, como o DDG, para ração animal”, explicou o diretor de inteligência setorial da Unica, Luciano Rodrigues.
A associação destacou o papel de complementaridade entre o etanol de milho e o de cana-de-açúcar. “A beleza do Brasil é que aqui não vivemos no mundo do ‘ou’, mas sim do ‘e’. O etanol de milho tem avançado sem competir com o etanol de cana ou com o açúcar”, afirmou Evandro Gussi, presidente da Unica.
De acordo com Gussi, o Brasil possui condições únicas para liderar o crescimento global da produção de etanol, especialmente diante da demanda projetada pelo uso do biocombustível na fabricação de SAF, o combustível sustentável de aviação. “Se o volume projetado de SAF tivesse que vir todo de etanol, estamos falando de quase 1 trilhão de litros. Mesmo que o número fique em 200 ou 300 bilhões de litros, ainda precisaríamos triplicar a produção mundial. E o Brasil é o País mais bem posicionado para liderar esse movimento, com capacidade de crescer sem desmatamento, sem competir com alimentos e mantendo uma baixa intensidade de carbono”, comentou.
O diretor de inteligência setorial da Unica também projetou ganhos futuros de eficiência e produtividade tanto na produção de etanol a partir da cana quanto do milho. “Esperamos que esse crescimento integrado beneficie diretamente o consumidor, garantindo uma matriz energética mais sustentável e competitiva”, concluiu.