Os avanços nas indústrias do Amazonas e São Paulo impediram uma retração maior da produção industrial brasileira na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024. A indústria amazonense se recupera das perdas decorrentes do período de estiagem, enquanto a paulista retorna à trajetória positiva interrompida no mês anterior.

A queda de 1,6% na média global da indústria em janeiro foi decorrente de recuos em seis dos 15 parques industriais investigados: Espírito Santo (-6,3%), Pará (-4,9%), Rio Grande do Sul (-3,8%), Goiás (-3,3%), Santa Catarina (-3,1%) e Ceará (-0,2%). Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A queda de 1,6% na indústria nacional foi registrada após cinco meses sem resultados negativos, com ganho acumulado de 2,9%, e representa uma estratégia da própria indústria para equalizar o comportamento de oferta e demanda. É um movimento natural em relação aos meses anteriores que também é observado regionalmente”, justificou Bernardo Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, em nota oficial.

Entre os nove locais que avançaram, a maior expansão e principal influência positiva partiu do crescimento de 16,7% registrado pelo parque industrial do Amazonas, após já ter avançado 11,7% em dezembro. Nos dois últimos meses de recuperação, dezembro e janeiro, a indústria amazonense acumulou uma alta de 30,3%.

“A maior influência para esse resultado veio do setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. Entre setembro e novembro, a seca severa no Estado afetou a logística da indústria local, tanto no que tange ao escoamento da produção quanto ao abastecimento de insumos. Isso gerou custos adicionais, que resultaram na redução do ritmo de produção. A partir de dezembro, houve melhora no cenário”, explicou Almeida.

O segundo maior impacto positivo para a média global da indústria em janeiro ante dezembro foi do avanço de 0,8% na produção fabril de São Paulo.

“Os setores que mais influenciaram essa alta foram o de produtos químicos e o de outros equipamentos de transporte. Com esse resultado, observamos que a indústria paulista está 0,4% acima do seu patamar pré-pandemia”, disse Almeida.

O pesquisador lembra que o avanço em janeiro faz a indústria de São Paulo retomar a trajetória positiva, após a queda de 1,6% registrada em dezembro. “Antes disso, a indústria paulista teve dois meses seguidos de crescimento. A partir desses resultados, é possível observar uma melhora no ritmo de produção local”, completou.

São Paulo responde por cerca de 33% de toda a produção industrial nacional. Em janeiro, a indústria paulista operava 22,1% abaixo do pico de produção registrado em março de 2011.

Além da disseminação maior de resultados positivos entre as regiões pesquisadas em janeiro ante dezembro, a indústria nacional teve melhora na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em janeiro de 2024, a produção nacional cresceu 3,6% ante janeiro de 2023, com expansão em 16 dos 18 locais investigados.

“Nesse cenário, houve corte nos juros, aumentando as linhas de crédito e, consequentemente, a renda disponível e o consumo das famílias, além da melhora no mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego e maior número de contratações. No lado da oferta, a ampliação do crédito permitiu tomadas de decisão mais otimistas dos produtores, resultando no aumento do ritmo da produção”, avaliou Bernardo Almeida.