02/10/2020 - 14:14
A produção industrial brasileira cresceu 3,2% em agosto frente a julho, registrando o quarto mês de recuperação, embora ainda sem atingir o patamar anterior ao colapso causado pela pandemia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (2).
Para analistas consultados, a expectativa média era de um crescimento mensal de 4%.
Após crescer 8,7% em maio, 9,7% em junho, 8,3% em julho e 3,2% em agosto, sempre na comparação com os meses imediatamente anteriores, a indústria permanece 2,6% abaixo do nível que registrava em fevereiro, antes do início das medidas de isolamento social, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF).
Frente ao mesmo mês do ano passado, o índice de agosto de 2020 registra queda de 2,7%, sendo a décima retração consecutiva nessa comparação. Nos primeiros oito meses do ano, a queda é de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Há uma manutenção de certo comportamento positivo do setor industrial nos últimos meses. É um avanço bem consistente e disseminado entre as categorias, mas ainda há uma parte a ser recuperada”, ressalta o gerente da pesquisa, André Macedo.
Os números são altos. Entre maio e agosto, a produção de bens de capital cresceu 76,4%, a de bens intermediários 25,2%,além de que bens de consumo semiduráveis ou perecíveis registrou aumento de 25%.
Mas nos primeiros oito meses do ano – período que considera todo o impacto da pandemia – todos esses setores ainda mostram grandes retrocessos, de 20,2%, 4,2% e 9%, respectivamente.
Após uma retração da indústria, a produção de automóveis cresceu 901,6% entre maio e agosto, mas ainda registra perda de 22,4% em relação ao nível de fevereiro.
A expectativa do mercado para este ano é de queda de 6,30% da produção industrial, apresentando uma melhora em relação aos -7,92% projetados no início de agosto, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.
Neste ano, o PIB brasileiro deve ter uma retração em torno de 5%. Em junho, a previsão era de 6,48%.
A melhora nas expectativas foi ocasionada pela retomada do consumo possibilitada principalmente pelos cinco meses de ajuda emergencial de R$ 600 a cerca de 60 milhões de brasileiros (quase um terço da população), como forma de moderar o impacto da pandemia. No entanto essa quantia foi cortada pela metade em setembro e, no momento, não há previsão de prorrogá-la para depois de dezembro.
Nas últimas semanas, a pandemia deu sinais de que entraria em queda, mas mesmo assim ainda ocorre uma média de 700 mortes por dia no país. Até a última quinta-feira, o país registrava 144.680 mortes e 4,8 milhões de casos.