A produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em dezembro na comparação com o mês anterior, reforçando os sinais de desaceleração da economia.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 1,6%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 5.

Apesar do recuo em dezembro, a indústria fechou 2024 com crescimento de 3,1%, depois de variar 0,1% em 2023. Trata-se do terceiro resultado anual mais elevado do setor nos últimos 15 anos, ficando atrás apenas de 2010 (10,2%,) e 2021 (3,9%). Vale destacar que o crescimento de 2021 foi precedido de um recuo de 7,1% em 2009.

As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,5% em dezembro e de alta de 1,1% na base anual.

A produção industrial encerrou 2024 em um nível 1,3% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020); mas ainda está 15,6% abaixo da performance recorde alcançada em maio de 2011.

“De modo geral, o crescimento do setor industrial em 2024 pode ser entendido a partir de alguns fatores, como o maior número de pessoas incorporadas pelo mercado de trabalho, a queda na taxa de desocupação, aumento na massa de salários e o incremento no consumo das famílias, beneficiado pelos estímulos fiscais, maior renda e a evolução na concessão do crédito”, disse André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE.

Destaques da indústria

As principais influências negativas no mês foram exercidas por máquinas e equipamentos, com queda de 3,0% sobre novembro; e produtos de borracha e de material plástico, com recuo de 2,5%.

Entre as categorias econômicas, a produção de bens de consumo recuou 2,2% em dezembro sobre o mês anterior, enquanto os bens de capital tiveram queda de 1,1%. Somente os bens intermediários registraram alta na fabricação, de 0,6%.

Já no ano, colaboraram principalmente para o crescimento as altas de 12,5% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias; de 14,7% em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,7%); e de 12,2% de máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Os resultados mostraram ainda que bens de capital tiveram o melhor desempenho no acumulado do ano, com alta de 9,1%, enquanto a fabricação de bens de consumo aumentou 3,5% e a de bens intermediários cresceu 2,5%.

Desaceleração da economia

O resultado mensal, no entanto, corrobora as expectativas de perda de força da economia no final do ano passado e de desaceleração em 2025, em meio ao aumento da taxa de juros, desvalorização do real e inflação elevada, mesmo com um mercado de trabalho robusto.

“Essa perda de dinamismo da indústria guarda uma relação com a redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária, com o aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024, a depreciação cambial, impactando os custos, e a alta da inflação, especialmente de alimentos”, avaliou Macedo.

No mês passado o Banco Central elevou a taxa de juros Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

Os números de dezembro de vendas no varejo e volume de serviços que ainda serão divulgados pelo IBGE devem dar um cenário mais claro sobre a temperatura da atividade no final do ano.