A produção industrial brasileira registrou aumento de 0,2% em 2023, após queda de 0,7% em 2022, segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Com este resultado, o setor industrial está 0,7% acima do patamar pré-pandemia (comparação do resultado atual com fev/2020), mas se mantém distante (-16,3%) do pico histórico (comparação do resultado atual com maio de 2011).

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A produção das indústrias aumentou 1,1% entre novembro e dezembro de 2023, sem efeitos sazonais. Frente a dezembro de 2022, houve crescimento de 1,0%. O resultado do mês veio acima da projeção mensal da Fiesp, de 0,5%. Entre os setores, a indústria de transformação cresceu 0,6% enquanto a indústria extrativa avançou 2,2%.

O desempenho do setor industrial foi positivo no fechamento do quarto trimestre de 2023 (+1,2%) na comparação com o trimestre imediatamente anterior, acelerando em relação ao resultado obtido no terceiro trimestre do ano (+0,2%).

Na abertura do resultado anual, houve aumento em três das quatro grandes categorias. Esse resultado foi puxado pelo grupo de bens de consumo semi e não duráveis (+2,1%), seguido por bens de consumo duráveis (+1,2%). Bens intermediários (+0,4%) também registrou contribuição positiva. Por outro lado, o segmento de bens de capital (-11,1%) assinalou a única taxa negativa.

Fonte: Fiesp

Entre os setores, 9 dos 25 ramos pesquisados apresentaram crescimento em 2023. Os destaques positivos ficaram a cargo de indústrias extrativas (+7,0%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+6,1%) e produtos alimentícios (+3,7%). Por outro lado, veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,1%), produtos químicos (-5,9%), máquinas e equipamentos (-7,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,1%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-11,0%) foram os destaques negativos.

Análise da produção industrial pela Fiesp

Segundo a federação, os resultados da produção industrial durante o ano foram caracterizados por variações mensais pouco expressivas. Na avaliação desagregada, a indústria extrativa e de transformação performaram em direções opostas, e a combinação dos resultados praticamente se anulou no acumulado do ano para a indústria geral.

“Por um lado, a indústria extrativa mineral apresentou um ritmo de crescimento mais forte e fechou o ano com avanço de 7,0%. O setor foi puxado por um aumento na produção de petróleo de 12,6%. Também contribuiu para o resultado uma dinâmica mais favorável no setor de mineração. As exportações do setor, que absorvem a maior parte da produção nacional, aumentaram 13,7% no ano”, afirma a Fiesp, em nota.

Por outro lado, o fôlego da indústria de transformação tem sido curto. O setor encerrou 2023 com queda de 1,0%.

Para 2024, sobretudo durante o segundo semestre, o balanço de forças será mais positivo na comparação com o ano anterior para a indústria, na avaliação da Fiesp.

“Esse cenário se baseia na recuperação da demanda. No que tange ao consumo, a contribuição será positiva devido à flexibilização da política monetária, mercado de trabalho aquecido, expansão real da massa salarial e inflação controlada”, acrescenta a entidade.

Em relação à recuperação dos investimentos, a Fiesp avalia que o impulso poderá ser um reflexo da melhora nas expectativas dos empresários, o equacionamento dos problemas relacionados à pressão nas cadeias de insumos, e às medidas recentemente anunciadas pelo governo, como Depreciação Superacelerada, Mover e o Plano Mais Produção (P+P). Em contraposição, permanece como fatores de risco que podem dificultar o ritmo de retomada do setor o desempenho da economia internacional e o menor potencial de crescimento da economia doméstica.

Cabe contrapor os fatores de curto prazo com elementos estruturais inerentes ao potencial de crescimento atual da indústria de transformação. Em 6 dos últimos 10 anos, o setor amargou queda da produção industrial, o que reflete a dificuldade de perpetuar uma trajetória perene de crescimento.

“Em 2023, a contribuição da indústria de transformação para o crescimento da economia brasileira deverá ser negativa, enquanto o PIB deve crescer cerca de 3% devido ao avanço da agropecuária, extrativa e serviços”, afirma a federação.

Concorre como fator explicativo para essa dinâmica recente a deterioração do estoque de capital do setor, com investimentos que não cobrem a depreciação nos últimos anos. Inclusive, a única categoria econômica com queda no ano foi a de bens de capital, com o setor de máquinas e equipamentos retraindo -7,2% na mesma comparação.

Essa caracterização estrutural com perda de capacidade produtiva, na visão da Fiesp, precisa ser levada em consideração nos cenários de referência para os próximos anos, pois, “somente o aumento da utilização de capacidade instalada não tende a ser condição suficiente como fator de crescimento sustentado”, indica.

Projeção para a produção industrial em 2024

Levando em consideração os vetores potenciais de crescimento, a Fiesp projeta aumento de 1,8% da produção industrial em 2024.

“No médio e longo prazo, a maturação da reforma tributária e a implementação do Nova Indústria Brasil (NIB) podem contribuir para a retomada do protagonismo do setor industrial no crescimento econômico brasileiro”, conclui a entidade.

Variação anual da produção industrial

Fonte: Fiesp