14/08/2024 - 10:44
A produtividade do trabalho na indústria de transformação teve queda de 1,3% no primeiro trimestre de 2024 na comparação com os três últimos meses do ano passado, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira, 14. A comparação é feita na série livre de efeitos sazonais. A produtividade nesse caso é medida como o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção.
De acordo com o levantamento, a queda da produtividade se deu por um aumento da produção, de 1,0%, e de um crescimento mais acentuado das horas trabalhadas, de 2,3%. Com esse resultado, a trajetória de alta apontada pela pesquisa Produtividade na Indústria do ano passado foi interrompida.
Mas, apesar da retração, a CNI adverte que ainda é precipitado afirmar sobre uma reversão de tendência do indicador. “Quando medimos a produtividade do trabalho pelo número de trabalhadores, por exemplo, o indicador mostra estabilidade. Mas quando analisamos por horas trabalhadas, há queda. Isso está ligado, em parte, ao fato de que há novos postos sendo abertos e é necessário um período de treinamento e adaptação até que essa força de trabalho se torne mais produtiva”, explica a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.
A pesquisa apontou ainda que a demanda por bens manufaturados tem crescido consistentemente nos últimos cinco meses, acumulando alta de 5,2%, em março de 2024, na comparação com outubro de 2023. Essa demanda, segundo a CNI, tem sido atendida principalmente por bens importados, já que a produção nacional cresceu apenas 1,9% no mesmo período de comparação.
“É importante destacar que há espaço para a produção da indústria nacional continuar crescendo. A expectativa é de que a produtividade se recupere, a partir de acomodação das horas trabalhadas e do crescimento mais acelerado da produção”, afirma Samantha Cunha.
Produtividade em 2023
A produtividade do trabalho na indústria de transformação teve queda de 0,5% em 2023 na comparação com 2022. Segundo a CNI, este é o quarto ano consecutivo de recuo do indicador, que acumula queda de 8,5% em relação a 2019, último ano de alta da produtividade. Esse recuo foi resultado de uma queda de 1% na produção, acompanhada de menor redução nas horas trabalhadas (-0,5%).
A pesquisa aponta que a indústria teve dificuldade de elevar a produção ao longo de 2023 em razão da baixa demanda por bens manufaturados, que caiu 1,7% no ano. “A demanda interna insuficiente foi um dos principais problemas enfrentados pela indústria ao longo do ano passado, de acordo com a Sondagem Industrial da CNI. Essa é uma das questões apontadas pelos empresários industriais desde o quarto trimestre de 2022, impactando cerca de 30% das empresas.”
Ainda de acordo com os dados divulgados pela CNI, na última década (2013-2023), a produtividade acumula queda de 1,2%, refletindo recuo de 16,5% das horas trabalhadas e redução maior no volume produzido, de 17,4%.
“A demanda retraída e as elevadas taxas de juros foram entraves para o aumento do investimento”, destaca a CNI. Para a entidade, a retomada do investimento é essencial para a produtividade seguir uma trajetória de crescimento de forma mais acelerada e sustentada.