09/11/2020 - 12:42
Coordenador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar afirma que, embora as parcerias de produtores com os governos tendam a se popularizar, essas iniciativas têm ainda alcance limitado e não substituem um projeto nacional. A seguir, trechos da entrevista.
As parcerias entre produtores e governos locais para resolver problemas de infraestrutura são um sintoma da falta de investimento público ou uma solução?
É bastante sintomático que isso esteja acontecendo. É como antigamente, quando tinha gente no campo comprando geradores, por falta de energia. É muito claro que o investimento púbico é menor que o mínimo necessário para conservar o que já existe. Como o Brasil tem andado para trás nos investimentos públicos desde a crise de 2015 e 2016, muita gente acaba fazendo o que o Estado não consegue resolver.
Pode ser uma solução para parte do problema de infraestrutura que o País enfrenta?
É uma forma mais cara de se resolver o problema e que não tem escala. Resolve uma dificuldade específica daquele grupo de agricultores, mas não resolve o problema da mobilidade do País, a estrada continua se deteriorando. Esse tipo de arranjo é um sintoma, não é uma solução. Tem um alcance limitado e não é a forma ideal de investir em infraestrutura.
No contexto atual, em que os governos têm convivido com orçamentos mais apertados, parcerias com o poder público tendem a aumentar?
Acredito que sim. E o restante do País deveria prestar atenção a esse tipo de iniciativa. Em maior escala, elas permitem ganhos para a atividade e melhoram o funcionamento da economia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.