16/07/2025 - 7:59
Os exportadores de manga da região do Vale do São Francisco, no Nordeste, estão apreensivos com as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os produtores temem uma ‘quebradeira’ de empresas e demissões.
A região é uma das principais produtoras de frutas do país, e os Estados Unidos é um dos principais destinos da exportação.
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A exportação de frutas do Vale do São Francisco desempenha um papel importante na economia local. Estima-se que aproximadamente 200 mil pessoas trabalhem no setor. Ao todo, são aproximadamente 3.200 produtores rurais, entre fazendas grandes e pequenas.
Segundo dados do Ministério da Agricultura (MAPA), em 2023, os Estados Unidos foram o segundo maior importador de manga e uva do Brasil. Foram mais de 48 mil toneladas de manga e 19 mil toneladas de uva. Em 2024, os números caíram levemente, foram 36,8 mil toneladas de manga exportadas para os EUA (terceiro principal destino) e 13,8 mil toneladas de uva (ainda o segundo principal destino).
Paulo Dantas, que é dono de uma das maiores exportadoras de frutas do país, a AgroDan, diz o clima e de “apreensão”.
“Se essas tarifas se concretizarem as empresas não vão resistir, milhares de trabalhadores perderão seus empregos”, afirma.
Dantas, que tem a Europa como seu principal destino contou que o principal temor é com a destinação da manga excedente em casos de inviabilização da exportação para o mercado americano.
“O mercado interno já está abarrotado. Não aguenta mais esse volume que estava previsto para os Estados Unidos. Se a janela americana se fechar vai ser um desastre para a região”, diz Dantas.

Os principais meses para os embarques da manga brasileira para os Estados Unidos são agosto, setembro e outubro. As tarifas anunciadas por Donald Trump começam a valer justamente a partir de 1º de agosto, o que preocupa o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, Jailson Lira de Paiva.
“Nossa safra de manga está prestes a se iniciar, justamente para o mercado americano. Na próxima semana nós já teríamos os primeiros embarques e a partir de agosto, os primeiros embarques de uva para lá. Ter que deixar isso no mercado interno é uma alternativa que vai causar um problema grave de mercado”, explica Lira.
Em nota, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS), Guilherme Coelho, disse que defende que as negociações e o diálogo para a normalização das questões tarifarias a qual julgou como preocupante.
“A fruticultura brasileira quer continuar exportando seus produtos para os EUA e, certamente, os importadores americanos desejam contar com nossas frutas para complementar o abastecimento do varejo, em um modelo de negócio ganha-ganha”, afirma.
*Estagiário sob supervisão