27/12/2021 - 20:59
Com a premissa de que o mercado antirracista não deve funcionar somente em novembro, um grupo de empreendedoras pretas criou uma cesta de presentes com este legado. O projeto cresceu mais de 30% neste Natal, em comparação com o mesmo período do ano passado. O objetivo é que serviços de origem e propósito afro sejam uma opção durante todo o ano.
De acordo com dados do Afroconsumo 2021, a partir de um levantamento elaborado pela Nielsen, famílias pretas consomem mais itens de higiene e beleza que as brancas, mas não encontram produtos afros. A pesquisa mostra que a indústria ainda não consegue atender as necessidades destas famílias e é nesse nicho que o projeto prevê atuar.
A ideia partiu da educadora e proprietária da marca Laços de Cecy, Débora Kelly. Ela convidou a psicóloga Val Makini, dona da marca Makini Moda Afro, e a Mestra em Educação, Especialista em Africanidades, Lucilene Costa. Juntas, as empreendedoras criaram a cesta de presentes antirracistas.
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O cliente pode montar a cesta com os itens que desejar. Fica disponível os produtos da ‘Laços de Cecy’ (laços, faixas e turbantes), da ‘Makini Moda Afro’ (roupas e bolsas com tecidos, cortes, estampas e elementos africanos) e o curso Desconstruir para Reconstruir de Lucilene Costa. Os laços têm preço médio de R$ 12 a R$ 60 e as peças de Makini a partir de R$ 50.
Já o curso de Lucilene é direcionado para mulheres, com idades a partir de 25 anos. Serão 4 encontros semanais, de 02 horas, a partir da segunda quinzena de janeiro de 2022. As inscrições estão abertas até 14 de janeiro de 2022, por R$ 60, das 19h às 21h, em plataforma online. Para garantir a vaga e simbolizar o presente, as empreendedoras estão enviando um calendário afro.
“Acreditamos que essa é uma escolha válida, seja para consumo próprio ou presentear, para aqueles que desejam se comprometer com a causa de combate e de redução das diferenças raciais, em todos os ambientes. Comprar a moda afro é uma escolha que pode mudar o jogo”, afirma Val Makini.
Com o aquecimento nas vendas, as três empreendedoras pretendem investir nas marcas, desde a compra de equipamentos para facilitar a produção, até na expansão de linhas, na ampliação da diversidade e no capital de giro. Elas pretendem ainda criar outras cestas sazonais com os seus produtos.
Apropriação cultural
As empreendedoras acreditam que a ampliação do acesso a produtos afros, por pessoas de todas as cores, não seja negativo ou um processo de apropriação cultural. “O debate em torno das vozes negras é essencial. Nós vendemos nossos produtos com história, explicamos de onde eles vêm, e como foram criados. Isso faz que as pessoas que escolheram esse legado usem de maneira consciente”, explica Makini.
Segundo Lucilene, a expectativa do projeto é que todos os públicos possam consumir a moda afro. “O sentido é atrair a atenção de quem defende a causa antirracista o ano todo. Consumir, presentear, vestir são formas poderosas de agir e combater o racismo vivido durante séculos”, completa.