29/09/2024 - 15:51
Um professor de paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), no interior do Ceará deve ser o primeiro brasileiro a receber o prêmio Morris F. Skinner, considerado o “Oscar da paleontologia”. Antônio Álamo Feitosa Saraiva, biólogo e coordenador do Laboratório de Paleontologia da universidade pública cearense, deve viajar para Minnesota, nos Estados Unidos na próxima semana para receber o prêmio. Seus principais trabalhos são dedicados à famosa bacia sedimentar do Araripe, na região do Cariri.
A informação foi divulgada pela Universidade Regional do Cariri. No site da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, instituição responsável pela premiação, ainda não foram divulgados os nomes dos vencedores de 2024, mas a entrega do prêmio foi anunciada para quarta-feira, 2 de outubro.
Além da condecoração, o vencedor também ganha 2,8 mil dólares (o equivalente a R$ 15,2 mil na cotação atual). Nenhum brasileiro consta na linda de vencedores de anos anteriores.
A reportagem tentou contato com o professor, mas não recebeu resposta até o momento da publicação.
Ao portal G1, Saraiva disse que recebeu a notícia por e-mail e ficou “extremamente surpreso”. “Não sabia nem que eles me conheciam ou que sabiam do meu trabalho aqui na Bacia do Araripe (no Cariri), e recebi esse e-mail dizendo que eu tinha sido agraciado com esse prêmio”, contou.
“A premiação é considerada um ‘Oscar ou um Nobel’ da Paleontologia. Com esse reconhecimento, pelos relevantes trabalhos prestados à paleontologia, o pesquisador Álamo passa a ser o primeiro brasileiro a receber o prêmio”, escreveu a Universidade Regional do Cariri em seu site.
No site da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, é dito que o prêmio “homenageia contribuições notáveis e sustentadas para o conhecimento científico através da criação de importantes coleções de vertebrados fósseis” e é concedido também “às pessoas que encorajam, treinam ou ensinam outras pessoas nas mesmas atividades”.
Formado em Ciências Biológicas pela Urca, Saraiva possui mestrado em Criptógamos e doutorado em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É servidor na Urca desde 1994.
Anos dedicados à Bacia do Araripe, da onde já saíram fósseis de dinossauros
O reconhecimento viria pelo seu trabalho em escavações paleontológicas na Bacia do Araripe, na região do Cariri, ao qual o paleontólogo dedicou boa parte de sua carreira. Ele é um dos autores de uma pesquisa que resultou em um “Guia de fósseis da Bacia do Araripe”.
A Bacia do Araripe é reconhecida por sua riqueza de fósseis de insetos, plantas e, principalmente, por ser o local onde foram encontrados esqueletos de dinossauros. Um deles foi o de um pterossauro – um réptil alado pré-histórico – da espécie Tapejara navigans, único exemplar inteiro no mundo. Outro foi o dinossauro Aratasaurus museunacionali, que pertence à família dos carnívoros T-Rex e Velociraptor.
O Araripe já foi fonte, inclusive, de uma importante exposição paleontóloga da Universidade de São Paulo (USP) em 2018.
“O material era valiosíssimo do ponto de vista científico. De todas as peças, escolhemos as 50 mais interessantes e raras para montar a exposição”, disse Juliana Leme, pesquisadora da USP, na ocasião.