Anderson Luís Ferreira Ribeiro é guia de turismo, montanhista e um dos 5 mil voluntários que constam da lista do Parque Nacional da Tijuca, unidade de conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pelo governo fluminense e pela prefeitura do Rio de Janeiro. Hoje (28), quando se comemora o Dia do Voluntariado, Anderson disse à Agência Brasil que graças ao voluntariado, a floresta se mantém em pé.  “A pressão que a floresta sofre da metrópole, da urbanização, é muito grande”.

Segundo ele, as atividades voluntárias são feitas por amor. “Não é para o parque, nem para o ICMBio. É pela gente. Em primeiro lugar, me faz bem ser voluntário. Eu faço com o coração”, afirmou.

Considerado referência entre as unidades de conservação nacionais, o Programa de Voluntariado do Parque, criado em 2003, tem atualmente seis linhas de ação: mutirões mensais, atividades semanais, adoção de trilhas, voluntariado de longa duração, voluntariado de orientação de visitantes/monitoramento da visitação e brigada voluntária.

Segundo o coordenador do Programa de Voluntariado do Parque Nacional da Tijuca, João Felipe Martins, os mutirões mensais são os que reúnem mais voluntários. A média é de 30 pessoas por evento, mas há ocasiões em que chega a atingir até 120 pessoas. É o caso do mutirão programado para o próximo dia 2, no setor floresta, para plantio de 3 mil mudas de espécies nativas, que já tem confirmados nomes de 80 voluntários.

Dedicação

No ano passado, o parque registrou 5.968 horas de dedicação voluntária. João Felipe Martins disse que a meta, este ano, é superar 6 mil horas. “A meta é sempre melhorar em relação ao ano anterior, chegando próximo de 10 mil horas”, destacou. A idade predominante entre os voluntários do Parque Nacional da Tijuca é entre 25 e 45 anos, mas há também crianças e jovens, acompanhados dos pais, e idosos, “quando a atividade é mais tranquila”.

Segundo Martins, a identificação com a questão ambiental é um dos principais motivos apontados pelos voluntários para participar do programa.“Tem muita gente que quer ajudar o parque e sua conservação; tem gente que vem para fazer atividade física e acaba ajudando; tem gente que vem para fazer novos amigos, conhecer pessoas”.

Desde 2003, o Programa de Voluntariado do Parque Nacional da Tijuca acumula mais de 40 mil horas de dedicação voluntária.

Solidariedade

O que leva os brasileiros a se tornarem voluntários? De acordo com a última pesquisa feita sobre o tema pela Fundação Itaú Social em parceria com o Datafolha, a principal motivação é o desejo de ser solidário e ajudar o próximo. A sondagem foi elaborada em setembro de 2014, com 2.024 entrevistados acima de 16 anos em 135 municípios de todo o Brasil. Os resultados foram confirmados nas ações efetuadas este mês pela própria Fundação, em organizações sociais de 18 estados.

A especialista em Mobilização Social da Área de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Itaú Social, Claudia Sintoni, informou que entre os que participaram ou estão atuando atualmente como voluntários, 55% agiram por solidariedade e 17% pela satisfação pessoal. Entre os que não atuam, a principal alegação é a falta de tempo. Para aqueles que pretendem atuar como voluntários no futuro, fazer o bem é a principal motivação identificada na pesquisa nacional (38%). Em relação ao tipo de atividade, saúde ocupa o primeiro lugar, com 31% da preferência dos brasileiros, seguida por educação (24%), doação de sangue e proteção animal (22% cada), atividades esportivas (20%), meio ambiente (19%).

A pesquisa revela ainda que há um equilíbrio entre voluntários do sexo masculino e feminino: 51% são homens e 49%, mulheres. A faixa etária predominante entre os voluntários é a compreendida entre 35 e 60 anos de idade. “Tem a ver com a maturidade profissional”, analisou a especialista em Mobilização Social. Cerca de 77% dos jovens de 16 anos a 24 anos de idade nunca participaram de ações voluntárias.

Claudia Sintoni chamou a atenção para o fato que, apesar de sua importância, o voluntariado é sempre uma ação complementar. “Sozinho, não vai mudar o mundo. Mas junto com os profissionais da área social e ações de governo e ações privadas, ele soma nesse conjunto, para a gente transformar a realidade com uma força importante”.