Balanço divulgado recentemente pelo Guia de Investimentos do Ministério do Turismo mostra que, de janeiro a abril de 2025, foram cadastrados 23 projetos com potencial de injetar US$ 4,5 bilhões no setor. Trata-se de propostas de empreendimentos de grande porte nas Regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do país.

O Guia de Investimentos do Ministério do Turismo é elaborado pela Organização Mundial do Turismo (ONU Turismo) em colaboração com o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe). Tem como objetivo oferecer uma visão detalhada das oportunidades de investimento no setor no Brasil e do contexto econômico e social do país.

Os 23 empreendimentos catalogados contemplam o desenvolvimento de terminais de cruzeiros, resorts, centros de convenções, parques temáticos e iniciativas de turismo rural e sustentável. Um exemplo é o Polo Turístico Cabo Branco, na Paraíba, considerado um dos maiores complexos planejados do ramo em execução no Brasil, que reunirá hotéis, resorts, parque aquático, parque temático, equipamentos de animação e estabelecimentos de comércio e serviços.

O projeto foi posto em prática pelo governo estadual, que facilitou a compra dos terrenos pelos investidores e está providenciando a infraestrutura necessária para a instalação de todos os empreendimentos participantes da empreitada, como coleta de esgoto e cabeamento de telecomunicações.

O Polo Turístico Cabo Branco está situado em uma região privilegiada de João Pessoa, próximo a diversos pontos turísticos, entre o mar do litoral sul da Paraíba e a Mata Atlântica preservada, sendo abraçado pelo Parque das Trilhas, considerado a maior reserva ambiental de Mata Atlântica nativa inserida na malha urbana do Brasil.

Com o Guia de Investimentos, apresentamos ao mundo os benefícios, as condições e as oportunidades de negócios oferecidas em várias regiões do país”, afirma o ministro do Turismo, Celso Sabino. “É uma demonstração da enorme atratividade do nosso país para investimentos diretos de grande porte que impulsionam o setor turístico, geram emprego e renda e elevam o Brasil a um novo patamar no quesito de bem receber visitantes.”

Marcos Jorge, CEO da RTSC — holding de investimentos nos setores imobiliário e turístico —, concorda que o turismo brasileiro vive um de seus melhores momentos e ressalta que ainda há grande potencial a ser explorado: “O Brasil possui grandes oportunidades para o desenvolvimento de projetos que levem em conta as fascinantes características do meio ambiente, paisagens e áreas urbanas do país”.

Jorge destaca, ainda, como fatores de indução ao desenvolvimento do setor a Nova Lei Geral do Turismo, sancionada em 2024, e o Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027. Em sua opinião, são instrumentos que promovem a melhoria do ambiente de negócios e a colaboração entre os setores público e privado, ao simplificarem procedimentos importantes para ampliar o número de empreendimentos instalados no país.

Entre janeiro e março de 2025, o setor de turismo no Brasil atraiu US$ 81 milhões em investimentos estrangeiros diretos, representando um crescimento de 88% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o país recebeu US$ 43 milhões. Os dados são de levantamento do Ministério do Turismo com base em informações do Banco Central. No acumulado de 12 meses encerrados em março de 2025, os investimentos diretos estrangeiros em atividades relacionadas ao turismo totalizaram US$ 398 milhões.

Recordes sucessivos

Em 11 de junho, Sabino detalhou em audiência na Câmara dos Deputados as ações do Ministério do Turismo que têm proporcionado o alcance de sucessivos recordes no setor desde o início de 2024, como as iniciativas adotadas para reforçar o desenvolvimento sustentável do ramo, a exemplo do estímulo a viagens de brasileiros no país e à atração de visitantes estrangeiros.

As ações integram programas como o “Conheça o Brasil: Voando”, uma parceria com empresas aéreas que facilita o turismo interno; a retomada de obras de infraestrutura turística; a volta do Salão do Turismo, que reúne atrativos de todo o país; a promoção do Feirão do Turismo, que oferece descontos em serviços turísticos; o suporte a eventos como o Carnaval, o Festival de Parintins (AM) e as Festas Juninas; e a qualificação profissional gratuita na área, com a inauguração, em Belém (PA), da 1ª Escola Nacional de Turismo.

Nunca tivemos tantos brasileiros viajando no país. Em 2024, só de avião, foram 118 milhões de passagens aéreas vendidas e voadas. Em relação a 2022, aumentamos em mais de 20 milhões esse número”, comparou o ministro, ao ressaltar avanços no faturamento das locadoras de automóveis nacionais e a ampliação de empregos formais no turismo brasileiro, que já somam mais de 400 mil vagas abertas nos últimos dois anos, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Conforme levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a movimentação no transporte aéreo brasileiro alcançou 8,2 milhões de passageiros em voos domésticos durante maio, um crescimento de 14% em relação ao mesmo período de 2024. Na comparação com abril de 2025, o aumento foi de 4%, superando os 7,9 milhões de viajantes registrados naquele mês. Foi o segundo melhor desempenho do ano em volume de passageiros, atrás apenas de janeiro, que somou 8,6 milhões de embarques e desembarques em voos domésticos.

Segundo o Ministério do Turismo e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o país também registrou a marca histórica de 4,8 milhões de visitantes estrangeiros no período de janeiro a maio de 2025, uma alta de quase 50% ante igual período de 2024. No ano passado inteiro, o Brasil recebeu 6,7 milhões de visitantes de outros países, mais do que quando a Copa do Mundo de Futebol foi realizada aqui, em 2014, ano em que foram recepcionados 6,4 milhões de excursionistas de outras nações.

Os dados são calculados desde 1970 pela Polícia Federal, conforme metodologia da ONU Turismo. No espaço de 12 meses entre março de 2024 e março deste ano, 8,2 milhões de estrangeiros vieram a passeio ao Brasil. Esse fluxo movimenta significativamente a economia. De acordo com o Banco Central, equivaleu a um ingresso de R$ 42 bilhões em 2024, superando indicadores como os das exportações brasileiras de café e algodão.

Outros avanços apontados na audiência na Câmara foram a instalação, no Rio de Janeiro (RJ), do primeiro Escritório da ONU Turismo para as Américas e o Caribe e a presidência do Conselho Executivo da ONU Turismo pelo Brasil, cargo para o qual o ministro Celso Sabino foi eleito no ano passado.