18/02/2015 - 21:09
O novo presidente grego Prokopis Pavlopoulos, 64 anos, é um europeu convicto e um conservador que se distanciou dos planos de austeridade impostos à Grécia, um perfil leal à ideia de unidade nacional que o cargo – essencialmente simbólico – pede.
Próximo da dinastia política grega dos Karamanlis – com tio presidente e sobrinho premiê -, Pavlopoulos sucede Carolos Papoulias, 85 anos, que ocupou o cargo por dois mandatos de quatro anos.
O ex-premiê e especialista em legislação pública foi colocado no cargo na tentativa de atrair um necessário apoio multipartidário à medida que a endividada Grécia corre para negociar um novo acordo de empréstimo com seus credores internacionais.
A escolha deste homem de direita centrista e cabelos brancos para presidir a Grécia, feita por um primeiro-ministro de esquerda radical, respeita uma tradição de mais de vinte anos – cujo objetivo é garantir a unidade nacional.
Em 1995, o governo Pasok (socialista) de Andreas Papandreou propôs ao Parlamento grego o nome do ex-ministro conservador Costis Stephanopoulos, do partido Nova Democracia.
Dois mandatos deste presidente e dez anos mais tarde, Costas Karamanlis propôs o mome de Carolos Papoulias, do Pasok, como explica o cientista político Elias Nicolacopoulos.
No presente caso, a nomeação de Pavlopoulos mostra também a preocupação de unidade de Alexis Tsipras face aos credores internacionais do país, entre eles a União Europeia, que travam uma queda de braço com o novo governo grego.
Pavlopoulos declarou nesta terça-feira que, uma vez eleito, tentaria fazer o país sair desta crise “assustadora”.
“Nosso objetivo é lutar não apenas pela Grécia, mas também pela Europa, que deve encontrar novamente seus princípios e valores”, acrescentou.
Como jurista, publicou obras sobre a contradição que existe entre a constituição grega e o passado com os credores do país, impondo uma série de medidas de austeridade para reduzir os déficits, votadas a toque de caixa e consideradas antidemocráticas.
Apesar da boa popularidade, a carreira de Pavlopoulos não está imune de escândalos.
Ele é acusado de ter empregado diversos amigos e partidários da Nova Democracia em cargos públicos durante seu mandato como ministro do Interior, de 2004 a 2009 – alimentando críticas sobre o clientelismo do sistema político grego, apontado como um dos males responsáveis pela crise do país.
Sua imagem também foi atacada em 2008, no episódio da morte de um estudante secundarista de 15 anos por um policial, gerando um mês de manifestações na Grécia.
Pavlopoulos fez seus estudos de direito em Paris, e vem de uma família tradicionalmente de direita.
Já pediu publicamente que a Alemanha reembolse a Grécia pelo empréstimo forçado concedido ao exército alemão durante a ocupação do país durante a Segunda Guerra Mundial. Um ponto de tensão entre os dois países.
“Não somente a questão não foi prescrita nem resolvida, como diz Schaüble (ministro das Finanças alemão, NDLR), como as reclamações gregas têm uma base legal”, declarou Pavlopoulos em janeiro, durante a campanha eleitoral.
Nascido em 10 de julho de 1950, na cidade de Calamata, ele é casado e pai de três filhos.