A promoção da diversidade é uma forma de aumentar a eficiência das empresas, segundo o coordenador da Rede de Profissionais Negros, Gustavo de Paula. Com quase dez anos de experiência na área financeira de grandes companhias, ele participou hoje (21) de um debate promovido pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo sobre inclusão. O evento foi organizado para lembrar o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial e o Dia da Síndrome de Down.

“A diversidade traz dinheiro para o bolso do acionista. Você tem um negócio, trazer pessoas de diferentes formações, conhecimentos, visões de mundo, tudo isso agrega ao seu negócio. Com isso, você consegue fazer um produto mais refinado, consegue entender melhor a sua base de clientes”, disse De Paula.

Ele citou as acusações de racismo sofridas pela marca sueca H&M, que lançou, no início do ano, uma propaganda em que um garoto negro usava uma camiseta “o macaco mais legal da floresta”, como ação de ineficiência empresarial. Após a repercussão negativa, as ações da empresa tiveram perdas expressivas na bolsa de valores. “Será que tinha algum negro no departamento de marketing?”, questionou De Paula, para enfatizar como equipes mais diversas podem evitar erros do tipo.

Além de agregar diferentes perfis, as empresas precisam, segundo ele, ter o cuidado para trabalhar as habilidades dessas pessoas, sem subestimá-las. “Não é só abrir a porta e colocar a pessoa ali. Precisa desenvolver a pessoa, dar as ferramentas para essa pessoa se desenvolver ao máximo. Aí você não só está deixando de excluir, você está incluindo, você está fazendo com que ela seja parte do ambiente corporativo, trazendo a colaboração dela”, ressaltou.

Valorização

Para o coordenador do Centro de Estudos Multidisciplinar Pró-Inclusão, Fabio Adiron, a inclusão tem de ser um processo ativo, em que a pessoa com deficiência é colocada em nível de igualdade com os demais. Ele critica desde o que chama de superproteção, quando a família, amigos e colegas, tentam amenizar todos os percalços enfrentados pela pessoa, até o que chama de adoração de herói, quando os casos bem-sucedidos são apresentados como grandes exemplos de superação.

“Pegar a pessoa dentro de um universo excluído, que por algum motivo teve destaque na vida, e falar assim “olha, esse aqui é o herói”. O herói negro, pobre, a professora com síndrome de down, o Stephen Hawking com esclerose. Por que? Porque ele não é um herói, é uma pessoa que em determinado momento teve as condições e oportunidades de chegar onde qualquer outra pessoa chegaria”, enfatizou.