13/11/2022 - 15:10
Por Ned Parker e Joseph Ax
RENO, Nevada (Reuters) – Uma série de teóricos da conspiração em busca de assumir os principais cargos eleitorais dos Estados Unidos perdeu a corrida nos Estados em disputa, após meses de avisos de especialistas eleitorais e democratas de que sua ascensão poderia ameaçar a própria democracia norte-americana.
O revés final aconteceu no sábado em Nevada, onde o republicano Jim Marchant, que ajudou a organizar candidatos sob a bandeira “America First”, perdeu sua tentativa de se tornar a maior autoridade eleitoral do Estado para o democrata Cisco Aguilar, conforme projetado pela Edison Research.
Marchant e candidatos que compartilham a mesma opinião ecoaram as falsas alegações do ex-presidente Donald Trump de que a eleição de 2020 foi fraudada e prometeram reformar o aparato eleitoral em Estados cruciais como Michigan, Pensilvânia e Arizona de olho em 2024, quando Trump deve buscar a Casa Branca mais uma vez.
Suas derrotas são um sinal de que os eleitores rejeitaram tendências antidemocráticas em eleições apertadas de meio de mandato.
Os democratas do presidente Joe Biden também mantiveram a maioria no Senado, projetou a Edison Research no sábado, enquanto as autoridades permanecem contabilizando os votos em 20 disputas que determinarão o controle da Câmara dos Deputados dos EUA.
Mas a “onda vermelha” que os republicanos esperavam dar a eles ampla maioria no Congresso e posicioná-los de modo a influenciar o resultado da corrida à Casa Branca em 2024 não se concretizou.
Em uma entrevista, Aguilar disse que sua vitória prova que os norte-americanos estão fartos do negacionismo eleitoral, dois anos após a derrota de Trump.
“Acho que também mostrou que os eleitores estão cansados do caos, e o caos não funciona”, disse Aguilar. Marchant não respondeu aos pedidos de comentário.
Nos Estados do Arizona, Nevada e Michigan, os candidatos do “America First” foram indicados para secretário de Estado, cargo que supervisiona as eleições. Sua ascensão estabeleceu um nível incomum de atenção e gastos para as disputas, que historicamente têm sido reflexões políticas tardias em comparação com as batalhas no campo pelo Congresso e pelos governos.
Todos esses candidatos perderam. Nenhum admitiu publicamente a derrota.
Na Pensilvânia, onde o governador nomeia o secretário de Estado, o candidato republicano ao cargo foi Doug Mastiano, que ajudou apoiadores chegarem de ônibus a Washington para os protestos de 6 de janeiro de 2021, que se transformaram em um ataque ao Capitólio, e disse que não teria certificado os resultados de 2020. Ele perdeu decisivamente para Josh Shapiro, o procurador-geral democrata.
O único candidato do “American First” a ganhar uma corrida eleitoral para secretário de Estado na terça-feira foi Diego Morales, de Indiana – que é solidamente republicana.
Os negacionistas das eleições ficaram consistentemente atrás de outros candidatos republicanos em todo o Estado, de acordo com o Brennan Center for Justice, da Universidade de Nova York.
“Isso me diz que os norte-americanos entenderam o que está em jogo e estão firmemente do lado de eleições livres e justas”, disse Lawrence Norden, diretor sênior do programa de eleições e governo do Brennan.
Os temores de violência política – alimentados por um pico nas ameaças contra funcionários eleitorais e observadores armados nas urnas – também se mostraram infundados, pelo menos até agora.
No entanto, muitos republicanos negacionistas das eleições venceram outras corridas em todo o país.
As falsas alegações de Trump sobre a eleição de 2020 têm permeado a base republicana, levando muitos candidatos a se recusarem a repudiar as declarações do ex-presidente ou a aceitá-las completamente.
Uma pesquisa da Reuters/Ipsos mostrou que cerca de dois terços dos eleitores republicanos acreditam que a eleição foi roubada de Trump.
(Reportagem de Ned Parker em Las Vegas e Joseph Axe em Nova York; reportagem adicional de Nandita Bose em Phnom Penh)