Com caracóis como instrumentos, dançarinos em pernas-de-pau e espetaculares trajes com influência da Papua Nova Guiné, Jamaica e Venezuela, um protesto artístico coloriu a esplanada da ONU nesta quinta-feira, quando se comemora o Dia Mundial dos Oceanos.

A performance “Ocean Calling” (Chamado do oceano), da mexicana Laura Anderson Barbata, “fala da vida que está dentro do mar e das culturas que vivem em relação próxima com o mar, mas que afetam todos nós”, explicou a artista à AFP após a estreia da obra encarregada pela TBA21-Academy, associação que promove a colaboração entre artistas e cientistas.

Durante quase toda a obra, que estreou enquanto se realiza na ONU a primeira Conferência mundial sobre os Oceanos, Anderson lê o texto do acordo assinado em Fiji em março passado, no qual as ilhas do Pacífico decidiram adotar medidas para proteger os mares.

Enquanto isso, um grupo de músicos descalços produz sons tradicionais de Fiji com grandes caracóis, pandeiretas e carrilhões. Dançarinos com ou sem pernas-de-pau vestindo magníficos trajes artesanais de ráfia, palha e panos azuis e verdes se arrastam, retorcem e pulam.

O objetivo é “reconhecer a beleza e a importância do equilíbrio que precisamos proteger” com uma obra que de certa forma é “um tipo de ação e de protesto”, disse Anderson.

“É muito fácil nestas cidades e nestas reuniões viver os dados e a experiência de uma forma muito intelectual e racional. Isto é para nos recordar que temos uma relação sensorial, emocional e espiritual com o mundo que nos rodeia”, explicou a artista, que mora em Nova York e criou a obra após uma expedição à Papua Nova Guiné com a TBA21-Academy.

Rachel, uma funcionária espanhola da ONU que não quis dar seu sobrenome, disse que a obra lhe pareceu “muito emotiva”.

“Aqui estou, com minha xícara de café de papel nas mãos, sentindo-me culpada. Esta é uma forma bonita de conscientizar as pessoas”, opinou.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu aos países do planeta que evitem “uma catástrofe mundial”, protegendo ao menos 10% dos ecossistemas costeiros e marinhos até 2020, reduzindo sua emissões de poluentes e lutando contra a pesca ilegal e excessiva.